Novo Honda Civic chega no começo de 2012

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Para quem olha de frente, não será muito fácil perceber a diferença entre o atual e o novo Civic. A Honda decidiu fazer apenas uma evolução do carro, talvez para compensar um pouco a distância estética que separou a oitava da sétima geração. Nem mesmo mecanicamente a marca japonesa foi além, pelo menos não nos modelos convencionais.

Após dirigir o carro por quase 200 quilômetros, debaixo de um sol de rachar no centro do México, de Guadalajara até o povoado de Santa Maria del Oro, fiquei com a sensação não só de que as diferenças são pequenas, mas também que a grande preocupação da Honda continua sendo sua velha rival, a Toyota.

O novo Civic mantém as qualidades que fizeram desse carro um sucesso ao longo de quase 40 anos – nasceu em 1972. É benfeito, econômico, ágil, seguro e relativamente rápido.

Agora existem até luxos e “brinquedos” que as pessoas adoram, como um som de 360 Watts completamente compatível com iPod. O que ele não tem é firmeza, solidez e sensação de poder que possuem outros sedãs, como o Focus 3 ou o Jetta. O Civic, porém, é mais ágil, divertido e bem construído que o Corolla. E isso parece ser suficiente para a Honda.

As dimensões do novo Civic mudaram como todo o carro: muito pouco. Mantiveram-se a largura, a altura e o comprimento aumentou 1,6 cm, mas a distância entre-eixos diminuiu 3 cm. A Honda diz que isso foi feito com a intenção de aumentar a agilidade do carro.

Curiosamente, o espaço interior não foi afetado. De acordo com a marca, até aumentou, mas não foi possível fazer medições no dia em que o dirigi. O truque foi encolher o espaço do motor, já que até o porta-malas teve sua capacidade ampliada de 340 litros para 353 l – ainda assim, bem inferior à dos rivais.

O carro é, de fato, espaçoso. Tanto na frente quanto atrás, duas pessoas viajarão muito à vontade. O motorista continua recebendo informação de um painel de dois andares.

Embaixo fica o grande conta-giros. Em cima estão o velocímetro digital e os medidores de gasolina e temperatura, além de duas linhas que simulam as faixas de uma estrada e indicam, pela cor azul ou verde, a maior ou menor economia de combustível.

A versão mais cara EX-L traz equipamentos como teto solar, câmbio automático, bancos de couro e sistema de som com Bluetooth. A visibilidade melhorou com o emagrecimento das colunas dianteiras e o aumento da área envidraçada no pequeno triângulo formado por uma estrutura vertical colocada nas portas dianteiras. A marca diz que o campo de visão é 34% maior. Não tenho motivos para duvidar desse número.

Fiel a seu costume, a Honda quase não mudou o motor do Civic. Continua tendo quatro cilindros, 1.8 litro, 16 válvulas e 140 cv (aqui será flex, com 138/140 cv). É uma máquina que já conhecemos, e sabemos que temos de forçá-la para obter as melhores respostas. Isso porque a potencia máxima só chega a 6.500 rpm – antes chegava a 6.300 rpm.

O torque também só surge totalmente a 4.300 rpm, apesar de a Honda, na apresentação do carro, ter garantido que agora estava disponível numa faixa de giros menor. Nas fichas, nova e velha, aparece o mesmo número: 17,7 kgfm a 4.300 rpm.

Também não houve mudanças na transmissão. Estão disponíveis as mesmas caixas de cinco marchas, tanto manual quanto automática. Só pude dirigir a automática, que funciona bem, mas não seria mal se tivesse uma sexta marcha – o que também é válido para o câmbio manual.

O resultado geral não muda nada. Ou, em favor da Honda, podemos dizer que a diferença é quase imperceptível. O Civic continua sendo um carro agradável de dirigir, com a diferença de que está muito mais orientado à economia do que ao prazer do motorista.

Procurando satisfazer um consumidor que está mais atento do que nunca ao cuidado com o meio ambiente, principalmente nos Estados Unidos (o maior mercado para o Civic), a Honda criou o sistema Econ.

Apertando um botão na parte esquerda do painel, obviamente pintado de verde, acionamos um mecanismo que altera o funcionamento de alguns sistemas, como as válvulas e até o ar-condicionado, buscando diminuir o consumo de combustível. Mas só um posterior teste completo poderá confirmar sua eficiência.

A Honda jura que a suspensão do novo Civic é mais macia que a do anterior. Pode ser. Mas, provavelmente, isso só compense a menor distância entre-eixos, porque a sensação continua sendo de um carro duro – mesmo que os amortecedores e elementos da suspensão trabalhem numa área mais ampla do que antes.

Entre numa curva com mais entusiasmo e você verá que o carro tem uma inclinação da carroceria muito bem controlada. Se esse entusiasmo for maior do que a prudência, então o Civic escorregará de frente.

No México, o novo Civic começa a ser vendido no começo de junho. No Brasil, a produção começaria em julho, mas os planos atrasaram devido à falta de componentes da matriz. Assim, o modelo só deverá chegar às lojas em fevereiro de 2012.

Infelizmente, os brasileiros terão apenas as versões sedã normais (a Si deixará de ser oferecida por causa das baixas vendas). A América do Norte terá ainda o cupê (normal e Si) e o híbrido. Nesses, as mudanças de máquina foram maiores. O híbrido terá um motor 1.5 a gasolina, no lugar do velho 1.3.

A potência combinada dos motores a combustão e elétrico será de 110 cv. Mas foi no esportivo Si de onde veio a maior alegria. Não na potência, que aumentou pouco, de 197 cv para 202 cv (versões dos EUA), mas no torque, que foi de 19,2 kgfm para 23,8 kgfm, um aumento de 22%.

Isso deve fazer com que não seja mais preciso judiar do Civic Si como se a gente não gostasse dele, para obter o desempenho digno de um esportivo. Mas só saberemos ao acelerá-lo.

Para conseguir esse maior torque, a Honda aumentou o tamanho do motor de 2.0 para 2.4 litros.

Resumindo, podemos dizer que o novo Civic mudou tanto quanto a Honda, quer dizer, muito pouco. É bom saber que não caíram na tentação de aumentar seu porte, nem sua potência (embora o porta-malas precisasse de um incremento maior).

Também é gostoso pensar que já será possível ter um Civic com Bluetooth, pelo menos na América do Norte. Mas fiquei mesmo com a sensação de que a Honda não olhou mais longe do que a casa de sua vizinha Toyota para fazer o novo carro. Só o tempo vai dizer se isso foi suficiente ou não.

fonte: SÉRGIO OLIVEIRA DE MELO


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