Escuta telefônica revela PM negociando propina com suspeito no RJ
Escutas telefônicas gravadas com autorização da Justiça registraram conversas entre suspeitos de tráfico de drogas e policiais militares cobrando propina.
Nesta segunda-feira (19), o comandante do 7º BPM (São Gonçalo), tenente-coronel Djalma Beltrami, foi preso durante uma operação da Polícia Civil, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
A operação cumpre 13 mandados de prisão contra policiais militares suspeitos de receberem propina de traficantes para não reprimir a venda de drogas na região. As informações são da assessoria da Polícia Civil.
De acordo com o delegado Alan Luxardo da Divisão de Homicídios em Niterói, o comandante nega as acusações.
No entanto, Luxardo afirma que existem imagens e provas testemunhais que estão sendo analisadas. Ele disse ainda que os policiais militares vão responder por tráfico de drogas e corrupção.
O G1 entrou em contato com a Polícia Militar e a assessoria da corporação informou que não iria comentar o caso.
Os dois interlocutores da escuta telefônica fazem referência a uma pessoa conhecida como “zero um” que, segundo a investigação, seria o comandante Djalma Beltrami.
As patrulhas da PM são tratadas de “gêmeas”. Mas o comandante Beltrami não aparece em nenhuma conversa gravada pela polícia. Veja o diálogo abaixo.
Policial: “Só que também vai ter que levantar, aumentar aquele negócio, porque tem gente, rapaziada mais alta chegando, vai ser tudo, tudo com a gente, entendeu? Vai ser tudo com este telefone que você tá falando aí, tudo com o ‘zero um’, entendeu?”
Traficante: “Olha só, eu quero perder pra vocês, entendeu. E perder pro cara que assumiu agora, eu tenho condições de dar 10 pra ele por semana, entendeu?”
Policial: “10 pra, pra… Tem que ser pra cada “gêmea”, por final de semana”
Traficante: “Como é que vou dar 10 pra ‘tú’? E depois tem que dar tanto pras outras “gêmeas”?
Tá louco, aí eu morro, fico na ‘bola’, a boca não é minha, não, cara”.
Comandante é ex-juiz de futebol
Beltrami comandou equipes em momentos de grande repercussão, como o massacre da escola de Realengo, na Zona Oeste do Rio, em abril, quando 12 crianças foram mortas. Mas o comandante ganhou fama numa carreira paralela a de policial, nos gramados: durante 22 anos ele foi juiz de futebol.
De acordo com o Globoesporte.com, Beltrami, paulista de 45 anos, fez parte do quadro de árbitros da Ferj de 1989 a 2011, quando se aposentou por idade em maio. Também era dos quadros da CBF (1995 a 2010) e da Fifa (2006 a 2008).
Durante investigações de assassinatos relacionados ao tráfico de drogas, agentes descobriram a corrupção policial. Os PMs receberiam propina de R$ 160 mil por mês.
Beltrami foi levado para a Divisão de Homicídios (DH) em Niterói, para prestar depoimento. Na operação também foi preso um suspeito de tráfico de drogas e apreendidos cinco quilos de maconha.
Investigações começaram há 7 meses
As investigações, que começaram há sete meses, apuravam o tráfico de drogas na Região dos Lagos. Segundo a Polícia Civil, as drogas saíam de favelas como Parque União, Manguinhos e Nova Holanda, no subúrbio, e seguiam para o Morro da Coruja, em São Gonçalo.
PMs recebiam propina para não reprimir a chegada dos entorpecentes à comunidade. De lá, as drogas eram levadas para São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos.
De acordo com a Polícia Civil, agentes cumprem também 11 mandados de prisão contra suspeitos de tráfico no Morro da Coruja, em Neves, além de outros nove de busca e apreensão, expedidos pela Justiça.
Na chegada à comunidade, houve troca de tiros e um suspeito morreu. A operação, chamada Dezembro Negro, é realizada por policiais da Delegacia de Homicídios de Niterói e da Baixada Fluminense, em conjunto com agentes da Corregedoria Geral Unificada (CGU).
Djalma Beltrami assumiu o 7º BPM após a prisão do tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, acusado de envolvimento na morte da juíza Patrícia Acioli.
Patrícia foi executada com 21 tiros ao chegar em casa, em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói, em agosto.
Ao todo, 11 PMs foram denunciados pelo Ministério Público como participantes da morte da magistrada.
O tenente-coronel e um tenente foram transferidos na semana passada para a Penitenciária Federal de Campo Grande (MS).
Mais de 100 policiais civis participam da operação.
fonte: RJTV
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