Bob Dylan faz show no Rio
Bob Dylan nunca se preocupou muito em agradar. E nem precisa. No show de abertura de sua turnê latino-americana, na noite deste domingo (15), no Citibank Hall, no Rio de Janeiro, ele entrou e saiu do palco sem dar um “boa noite” ao público — só falou para apresentar o excelente quinteto que o acompanha —, vetou fotógrafos e jornalistas e selecionou um repertório com alguns clássicos, mas sem muitas de suas canções mais populares.
Em 1h40 de apresentação, frustrou quem foi atrás dos greatest hits e satisfez, sem empolgar muito, os verdadeiros fãs.
Com dez minutos de atraso, às 20h10, o músico iniciou com “Leopard-skin pill-box hat”, blues de “Blonde on blonde”, um de seus mais célebres álbuns, de 1966.
Vestido de paletó e calça pretos e chapéu branco, em seu tradicional traje country, passou a maior parte do tempo no teclado, com alguns (poucos) solos de guitarra e gaita, que levantaram a plateia.
O público não chegou perto de comprar todos os 3 mil ingressos (o mais barato custou R$ 500), mas se acumulou nos lugares à frente, dando uma sensação de casa quase cheia. Para um músico de 70 anos, mais de 50 de carreira, chamou a atenção o grande número de jovens.
Muitos, talvez por desconhecer o histórico de Dylan, pareciam não levar fé nos avisos de que o desrespeito à proibição de fotografar o show poderia fazer o protagonista abandonar o palco. Após cada flash, um segurança rapidamente aparecia para reprimir.
A voz rouca do norte-americano ainda dificulta o entendimento das letras, mas melhorou em relação ao último show dele no país, em 2008. Nada que tenha tirado o brilho de canções como “Like a rolling stone” — o auge da noite—, “Desolation row”, “Ballad of a thin man” e “Highway 61 revisited”, que dá nome ao disco de 1965 no qual as quatro canções foram gravadas.
Da década de 1960, entraram ainda no set list “All along the watchtower”, de 1967, a última da apresentação; “Leopard-skin pill-box hat” (1966), a música de abertura; e “It ain’t me, babe” (1964), a única que representa a fase folk anterior à troca do violão pela guitarra elétrica, que chocou seus fãs em 1965.
Para valorizar a ótima banda de cinco músicos (duas guitarras, bateria, baixo e teclado), Dylan, por várias vezes, parou de tocar e se escorou no amplificador, para só observar o show à parte.
Ausência de hits como “Hurricane”, “Blowing in the wind”, “Lay lady lay” e “Just like a woman”, entre outras, frustrou a quem esperava um seleção dos maiores sucessos. Mesmo assim, ao fim de 16 músicas, sem intervalos, todos aplaudiram de pé e pediram bis, menos pelo show em si, mais pela reverência ao mito, que já vendeu mais de 100 milhões de discos na carreira.
Do Rio, Dylan segue para Brasília, onde toca no Ginásio Nilson Nelson nesta terça-feira (17). Em seguida, faz shows em Belo Horizonte (Chevrolet Hall, na quinta, 19), São Paulo (Credicard Hall, dias 21 e 22l) e Porto Alegre (Pepsi On Stage, dia 24).
Repertório:
1. “Leopard-skin pill-box hat”
2. “It ain’t me, babe”
3. “Things have changed”
4. “Tangled up in blue”
5. “The levee’s gonna break”
6. “Tryin’ to get to heaven”
7. “Beyond here lies nothin’”
8. “Desolation row”
9. “Summer days”
10. “Simple twist of fate”
11. Highway 61 revisited”
12. “Forgetful heart”
13. “Thunder on the mountain”
14. “Ballad of a thin man”
15. “Like a rolling stone”
16. “All along the watchtower”
fonte: José Raphael Berrêdo
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