Em eleição presidencial na França, François Hollande declara vitória

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O candidato socialista François Hollande declarou vitória nas eleições presidenciais deste domingo (6) na França, depois de Nicolas Sarkozy, atual presidente francês, ter reconhecido a derrota no pleito.

“Eu sou o responsável pelo futuro deste país”, disse Hollande durante discurso para apoiadores.

“Eu serei o presidente de todas as pessoas da França. Há apenas uma França, uma nação, unida para o mesmo destino. Todos na França terão os mesmos direitos e as mesmas obrigações”, afirmou Hollande, que disse sentir profunda gratidão por todos que votaram nele.

“A Europa está nos observando. No momento em que os resultados foram anunciados, eu tenho certeza que, em muitos países europeus, as pessoas deram um suspiro de alívio com a ideia de que a austeridade já não é inevitável”, disse Hollande, que acrescentou que o país deve enfrentar muitos desafios difíceis.

“Melhorar a produtividade, levantar nosso país para sair da crise, reduzir nosso déficit para manter a dívida sob controle, preservar o nosso modelo social para que todos tenham acesso aos mesmos serviços públicos”, disse.

“Todas as minhas escolhas, todas as minhas decisões serão baseadas em dois critérios. É justo? E é realmente bom para os jovens da França?”, completou.

Discurso de derrota
Sarkozy reconheceu sua derrota nas eleições em discurso para seus apoiadores logo depois do fim da votação, às 15h (horário de Brasília).

“François Hollande é o presidente da França e deve ser respeitado”, disse Sarkozy, que afirmou já ter ligado para o adversário para lhe desejar “boa sorte”.

Sarkozy, alvo do descontentamento pelo crescimento do desemprego durante o mandato de cinco anos, afirmou ter toda a culpa pela derrota ao dizer que é “um homem que aceita a responsabilidade”. “Eu dei tudo de mim, me comprometi totalmente. Mas não consegui convencer a maioria dos franceses”.

Novas projeções do Ministério do Interior foram divulgadas com base em 72,35% dos votos apurados. Hollande tem 51,07% e Sarkozy, 48,93%.

Segundo estimativas dos institutos CSA, TNS Sofres e Ipsos, Hollande deve ser o novo presidente da França ao alcançar 52% dos votos, contra 48% de seu adversário. As estimativas do instituto Harris Interactive oscilam entre 52,7 e 53,3% a favor de Hollande.

Multidões encheram a Place de la Bastille, a praça emblemática da Revolução Francesa, em Paris, para celebrar a vitória de Hollande. Apoiadores levaram bandeiras vermelhas e rosas, o símbolo do Partido Socialista.

Hollande vai colocar fim a 17 anos de ausência da esquerda francesa na presidência do país. O socialista François Mitterrand, eleito em 1981, conseguiu se reeleger em 1988 e ocupou o cargo até maio de 1995.

Ex-mulher de Hollande e mãe de seus quatro filhos, Ségolène Royal disse que tem um “sentimento de profunda alegria ao ver milhões de franceses renovarem o pleito para a esquerda”.

“Os franceses podem ficar confiantes”, disse ela em entrevista à TV. “Vamos precisar de todos para ajudar o país a se recuperar”. Royal enfrentou Sarkozy nas eleições de 2007.

Ao votar na cidade de Tulle, na região central da França, onde foi prefeito por sete anos, Hollande cumprimentou os eleitores com apertos de mão e beijos. Com 46 milhões de pessoas aptas a votar, as zonas eleitorais abriram às 8h locais (3h de Brasília) e fecharam na maioria dos lugares às 18h (13h). Nas cidades grandes, funcionariam por mais duas horas.

Números do Ministério do Interior mostraram que 72% dos eleitores aptos tinham votado até as 17h locais (12h de Brasília) apesar do tempo ruim em boa parte do país, superando a participação de 70,6% até a mesma hora no primeiro turno, em 22 de abril.

Campanha
Hollande se lançou na disputa pela presidência em meio a ironias, sendo considerado “brando” demais e provinciano demais. Mas o candidato socialista traçou tenazmente seu caminho até se tornar o favorito à eleição presidencial.

No início, ninguém apostava nele. Não era nem o ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, um brilhante economista, nem sua ex-companheira Ségolène Royal, de relação emotiva com os franceses. Hollande foi primeiro-secretário do Partido Socialista (PS) durante 11 anos.

Deputado do departamento rural de Corrèze, não parecia ter o carisma exigido na França em uma eleição presidencial.

Até o dia 14 de maio de 2011, nada permitia prever que chegaria ao segundo turno da eleição presidencial. Strauss-Kahn era o favorito das pesquisas e da imprensa para ser o candidato socialista.

Hollande havia lançado semanas antes sua campanha, mas os observadores estavam convencidos de que sua corrida em direção às eleições seria interrompida no caminho, sem chegar muito longe.

Os problemas judiciais colocaram um ponto final na carreira política de Strauss-Kahn e deixaram a via livre para Hollande. As primeiras pesquisas deram razão a ele, ao situá-lo na liderança dos candidatos de esquerda preferidos dos franceses. Mais ainda, previam que poderia vencer o presidente Sarkozy.

História
Aos 57 anos, Hollande nasceu em uma família de Ruan, no noroeste da França, filho de um médico e de uma assistente social. Estudou na ENA, prestigiada escola de administração e berço da elite política francesa. Lá, conheceu aquela que foi sua companheira por 25 anos e mãe de seus quatro filhos, Ségolène Royal.

Terminados os estudos, trabalhou no Tribunal de Contas. Fascinado pela figura política do presidente François Mitterrand, eleito em 1981, começou a colaborar com ele escrevendo “notas”.

Aos 26 anos, assumiu o desafio de se candidatar às eleições legislativas no reduto eleitoral do então futuro presidente Jacques Chirac, que em um ato público perguntou: “Quem é você?”. “Sou aquele que você compara com o cachorro labrador de Mitterrand”, respondeu o socialista.

O ex-presidente Chirac, que pertence ao mesmo partido de Sarkozy, tem, no entanto, afeto pelo opositor, que persistiu e terminou conquistando seu bastião de Corrèze. Chirac chegou, inclusive, a dizer que “votará em Hollande”, antes de ressaltar que sua frase era “humor correziano”.

Os fracassos nas eleições presidenciais de Lionel Jospin em 1995 e em 2002, e de Ségolène Royal, em 2007, o levaram a decidir que cabia a ele se candidatar.

Aconselhado por sua nova companheira, a jornalista política Valérie Trierwieler, perdeu mais de 10 quilos, mudou de aspecto e abandonou suas piadas inoportunas, que lhe deram a reputação de ter um humor arrasador.

fonte: G1


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