Ultimo filme do Batman estreia nesta sexta no Brasil
Assombrado pela tragédia de Aurora, no Colorado, onde, há uma semana, 12 pessoas foram mortas e 58 ficaram feridas numa sessão de “Batman — O Cavaleiro das Trevas ressurge” (“The Dark Knight rises”), o terceiro e último filme da trilogia do Homem-Morcego dirigida por Christopher Nolan estreia nesta sexta no Brasil tendo como vilão um terrorista que só faz uma exigência: “Poder para o povo.”
Se na vida real o terror ficou marcado pelo rosto de James Holmes, o jovem de 24 anos responsável pelo massacre em Aurora, na tela o pânico atende pelo nome Bane. Vivido pelo britânico Tom Hardy, ele sintetiza as paranoias americanas pós-11 de Setembro, a começar pelo fundamentalismo.
Após a chacina causada por Holmes, que, ao ser detido, disse ser o Coringa, mas cometeu o crime usando uma máscara de gás — o que fez com que muitos o relacionassem ao mascarado vilão do longa —, o anarquismo de Bane tornou o filme mais inflamável.
Nas HQs, Bane ficou conhecido por ter quebrado a espinha do guardião de Gotham City na saga “A queda do Morcego” (1993), um dos maiores best-sellers da indústria dos gibis das últimas duas décadas. A máscara do personagem, no filme, tem a função de liberar um gás analgésico contra uma dor crônica.
— Usar uma máscara de metal (durante todo o tempo das filmagens) não é problema quando se está criando uma história épica — disse Hardy ao GLOBO em maio, durante o Festival de Cannes.
Aos 34 anos, Hardy passou pela Croisette à frente do thriller “Os infratores”, aposta de Hollywood para o Oscar 2013. Escalado para substituir Mel Gibson em “Mad Max: Fury road”, já em filmagem, o ator ganhou notoriedade ao estrelar “Bronson” (2008), cinebiografia de um dos maiores psicopatas da Inglaterra.
Seu porte físico abrutalhado e seu talento para compor tipos perversos fizeram dele a aposta de Nolan, com quem trabalhou em “A origem”, em 2010. Só Bane poderia espalhar o medo em Gotham no tomo final da franquia que redefiniu a cartilha dos filmes de super-heróis, tendo o galês Christian Bale (ganhador do Oscar por “O vencedor”) como o milionário Bruce Wayne.
Mais do que uma arrecadação de US$ 1,4 bilhão, os dois “Batman” pilotados pelo diretor de “Amnésia” (2000) estabeleceram uma noção de blockbuster autoral à qual o terceiro episódio fez jus: críticos do mundo inteiro aclamam o longa, já considerado um dos melhores do ano.
— Venho fazendo tipos que se impõem pela força. Foram seis meses de treinamento para chegar ao tamanho de Bane. Mas fiz escolhas para que pudesse me sentir parte de um processo em que os diretores pensam o cinema e a História — diz Hardy, que deu a Bane um tom libertário, fazendo da violência um meio para salvar Gotham da decadência moral.
Ao longo do filme, que arrecadou US$ 286 milhões em cinco dias, seu papel na trama muda conforme as ameaças surgem. Mas, ao longo de duas horas, Bane explode estádios lotados, detona pontes e põe uma bomba atômica nas ruas, defendendo a tese de que uma sociedade corrupta precisa perecer para que outra, sã, cresça. Nos quadrinhos, o vilão, criado na ilha caribenha de Santa Prisca, já foi apresentado como um guerrilheiro libertador, usando meios errados para a causa certa.
Chegou até a lutar pelo Bem no Esquadrão Suicida, grupo de heróis renegados da DC Comics. Pela ambiguidade de seus atos, alcançou projeção à altura dos vilões clássicos do Batman.
Dois deles foram cogitados para o filme: o Pinguim, que chegou a ser associado a Philip Seymour Hoffman, e o Charada, para o qual foram cotados Johnny Depp e Eddie Murphy. Mas Nolan optou por Bane, escalando Anne Hathaway como a ladra Selina Kyle, cuja alcunha de Mulher-Gato nunca é mencionada.
Filmado sob sigilo na Índia, Romênia, Escócia e Inglaterra, o novo Batman ainda é encarado como o único rival de “Os Vingadores” (renda de US$ 1,4 bilhão) no posto de recordista de público do ano, apesar do possível impacto da chacina de Aurora nas bilheterias.
Hoje, discute-se mudança das regras de segurança nos cinemas dos EUA — no Brasil, nada muda. Após cancelar excursões promocionais do longa, a Warner Bros. prometeu ainda dar apoio financeiro às famílias das vítimas, a quem Nolan e os atores prestaram condolências.
A série termina de luto, mas com a sensação de dever estético cumprido.
fonte: O Globo
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