Idosa de 104 anos, espera por cirurgia no fêmur no Hospital da Posse em Nova Iguaçu
Aos 104 anos, Asta Bandeira de Oliveira arrastava sua cama para varrer quando levou um tombo e quebrou o fêmur direito. Foi levada no dia 2 de agosto para o Hospital da Posse, administrado pela Prefeitura de Nova Iguaçu, onde está até hoje, lúcida, com uma escara nas costas, ao lado de outras três idosas e uma mulher, que precisam da mesma cirurgia.
— Eu queria ir para minha casa. Ficar com minhas netas (na verdade, tataranetas). Sei que preciso dessa cirurgia para ficar boa. Dói muito, quando me mexo — disse, baixinho, dona Asta, enquanto levantava o olhar para encontrar a bisneta, Jéssica Alessandra Resende, de 22 anos, que deixou as três filhas com a avó para cuidar da bisavó.
Segundo ela, a cirurgia de dona Asta já foi desmarcada duas vezes, depois que a idosa passou por 12 horas em jejum absoluto.
— Minha bisavó não tem problemas de saúde. Primeiro, disseram que faltava um aparelho. Depois, parafusos de titânio. Hoje (ontem), desmarcaram porque faltava sangue. Arrumei várias pessoas para doar, mas a funcionária do banco de sangue disse que só poderá fazer a coleta na semana que vem, porque está faltando bolsa de coleta — contou Jéssica.
Na mesma enfermaria, sob um teto mofado e estufado, Carly Viana Vieira, de 74 anos, também espera pela cirurgia no fêmur.
— Minha mãe foi internada em 3 de agosto. É uma falta de respeito com o paciente. Eles só dão dipirona para os pacientes e dizem que temos que aguardar — contou Neuza Viana, de 53 anos.
A mais jovem da enfermaria, Milena dos Santos, de 30 anos, conta com resignação como tem sido seus dias desde que foi internada, em 22 de julho, com o fêmur fraturado em dois lugares depois de um acidente de moto.
— No início, sentia muitas dores. Só posso ficar de barriga para cima. Agora, minhas costas já se acostumaram — disse ela, que já teve a cirurgia desmarcada duas vezes, sem explicação.
Drama se estende há mais de mês
Há mais de um mês, a família de Laura Moreira de Souza, de 83 anos, vive o mesmo drama por que passa dona Asta. No dia 30 de julho, ela levou um tombo e fraturou o fêmur esquerdo. Desde então, aguarda pela cirurgia no Hospital da Posse. Segundo familiares, um equipamento quebrou e as operações foram suspensas.
Segundo a nora de Laura, Wanda Rodrigues, de 50 anos, o aparelho parou de funcionar dias depois da idosa dar entrada na unidade:
— Já tinha gente na frente dela para fazer a cirurgia. Depois que a máquina quebrou, a fila da cirurgia parou.
A professora Maria das Graças de Souza, de 59 anos, chegou a solicitar ao hospital a transferência da mãe para outra unidade:
— No oitavo dia de internação, fui à ouvidoria e pedi uma transferência. Se soubesse que seria assim, teria levado minha mãe para o Rio. Ela está com escaras e a perna, muito inchada.
Em nota, o Hospital da Posse informou que o novo aparelho de raios X Arco em C, que substitui o que apresentou defeito, está disponível e a agenda de cirurgias programadas está sendo regularizada.
“Foi formada uma comissão para avaliar as condições técnicas deste novo equipamento. Com isso, o número de cirurgias programadas (eletivas) foi reduzido, gerando atraso na agenda”.
A nota diz ainda que até amanhã, o banco de sangue terá todo o material necessário para retomar a coleta de sangue na unidade. As cirurgias que estavam programadas para ontem foram suspensas, mas serão remarcadas.
O Hospital da Posse esclareceu ainda que a verba prevista em orçamento do município foi encerrada, sendo necessária uma suplementação para o hospital, liberada ontem pela Secretaria municipal de Saúde.
fonte: Extra
Não encontrou o que queria? Pesquise abaixo no Google.
Para votar clique em quantas estrelas deseja para o artigo
Enviar postagem por email