Emocionada, Dilma se diz injustiçada por processo de impeachment
Presidente da República faz discurso um dia depois de Câmara aprovar continuidade do processo de impeachment contra ela
No dia seguinte à maior derrota do governo Dilma Rousseff, a presidente da República disse se sentir injustiçada por sofrer um processo de impeachment por receber tratamento diferente de seus antecessores. O desabafo, emocionado, ocorreu em discurso no Palácio do Planalto, na tarde desta segunda-feira (18).
A jornalistas, além de criticar a denúncia de crime de responsabilidade inclusa no parecer aprovado por 367 votos a 137 na Câmara na noite anterior – em uma derrota esmagadora para um governo que poderia se salvar tendo 172 dos 513 parlamentares –, Dilma voltou a ressaltar que está sendo vítima de golpe de Estado e criticou as manobras da oposição em tentar derrubá-la, que teve seu auge no domingo (17).
“Eu acredito na democracia e sempre lutei por ela. Eu, no meu passado, na minha juventude, enfrentei por convicção a ditadura e agora enfrento com convicção um golpe de Estado. Não o tradicional da minha juventude, mas, infelizmente, o golpe da minha idade, que usa aparência democrática para condenar um inocente”, disse a presidente da República, claramente abatida durante a fala.
Crime de responsabilidade
Além dos ataques à oposição – especialmente a seu vice-presidente, Michel Temer, a quem chamou de “traidor”, e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de ter aceito a abertura do processo de impeachment por motivo de vingança –, Dilma voltou a enfatizar o principal argumento da defesa feita pelo ministro da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, de que não houve crime de responsabilidade.
Segundo a defesa, não houve dolo no atraso de repasse de recursos do Tesouro Nacional a bancos e autarquias (as chamadas “pedaladas fiscais”) e a assinatura de decretos suplementares foi feita com aval de técnicos do governo, práticas que, para o Planalto, foram amplamente praticadas por ex-presidentes e, ainda hoje, são colocadas em prática por governadores.
“Considero que este processo não tem base de sustentação. A injustiça sempre ocorre quando se esmaga o processo de defesa, mas também quando, de uma forma absurda, se acusa alguém por algo que não é crime e ninguém se refere ao problema”, afirmou, em referência ao parecer aprovado na Câmara.
“Eu assisti a todas as intervenções e não vi uma discussão sobre o crime de responsabilidade, que é a única maneira de se julgar um presidente da República no Brasil, como prevê a Constituição […] Pratiquei esses atos, que também foram praticados por todos os presidentes da República. Quando um presidente pratica atos administrativos, ele baseia em toda uma cadeia de decisão. Foi a opinião de todos os juristas consultados. Eu não os fiz ilegalmente.”
Fonte: Último Segundo/Política
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