Quase 200 árvores caem em temporal que causou 1 morte e deixou 8 feridos em SP
Várias localidades amanheceram sem luz por problemas na fiação de distribuição de energia; pancadas de chuva e rajadas de vento foram provocadas por instabilidade e ciclone tropical
Além do registro de uma morte e de ao menos oito feridos, o temporal com ventos de mais de 50 km/h que atingiu a capital paulista na segunda-feira (16) derrubou um total de 181 árvores. Às 10h desta terça-feira (17), o Corpo de Bombeiros ainda atendia 42 ocorrências envolvendo as quedas.
Uma das áreas mais atingidas, o Largo da Concórdia, no bairro do Brás, região central de São Paulo, teve uma morte, da vendedora Mônica Francisca dos Santos, de 22 anos, que foi atingida por uma árvore.
Uma menina de 2 anos que estava no local e chegou a ser dada como morta pelo Corpo de Bombeiros conseguiu ser reanimada e, posteriormente, encaminhada ao Pronto-Socorro da Santa Casa. Seu estado de saúde era estável na manhã desta terça-feira .
No Viaduto do Chá, também na região central, a queda de uma estrutura de vidro causou ferimentos leves em duas pessoas. O desabamento de um telhado na rua Boa Vista, também no centro, deixou outras duas feridas.
Várias localidades amanheceram sem luz devido ao rompimento da fiação de distribuição de energia. Segundo a Eletropaulo, equipes da concessionária de energia ainda trabalhavam durante a manhã para restabelecer os serviços. As zonas sul e oeste foram as mais atingidas pelo desabastecimento, especialmente os bairros de Parelheiros, Pompeia e Lapa. O tempo deve continuar fechado e chuvoso nesta terça-feira (17).
Às 21h, cinco horas após o início da chuva, o cenário na região das avenidas Professor Alfonso Bovero e Doutor Arnaldo, na zona oeste, era de destruição. Em um raio de 200 metros, cinco árvores estavam no chão. Quase toda a área estava sem fornecimento de energia, com exceção da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que possui gerador. No entanto, o padre afirmou que a Igreja sofreu com o estrago. “O fio de alta tensão queimou e clareou até o quarto onde durmo” contou o pároco José Maria Botelho.
Os moradores caminhavam com lanternas para conferir danos. “Em 30, 40 segundos, veio um vento muito forte, que parecia um tornado. Na hora não dava para enxergar nem um metro adiante”, contou o comerciante Antonio Nunes.
Susto
Pouco adiante, no Sumaré, a marquise de uma padaria desabou, deixando mais dois feridos. Segundo o gerente do estabelecimento, João Pereira dos Santos, de 45 anos, a tragédia poderia ter sido maior se a ventania tivesse acontecido em um dia de maior movimento. “Acho que não foi nem um minuto e caiu tudo”, disse ele. Uma banca de jornal na frente da padaria desabou durante o vendaval.
Próximo dali, na Avenida Sumaré, uma árvore caiu sobre a pista na altura do número 1.180. A diarista Maria Eugênia da Silva havia acabado de sair do trabalho e contou ter levado um grande susto. “A Prefeitura deveria cuidar melhor dessas árvores. Toda chuva mais forte acontece isso”, criticou ela;
Em Perdizes, também na zona oeste, a farmacêutica Luciana Souza chegava a seu apartamento, pouco antes das 18h, quando a rajada de vento começou acompanhada de chuva. “Tive de subir sete andares de escada porque a luz acabou. Quando cheguei ao apartamento, o quarto e a sala estavam alagados. Tinha deixado as janelas fechadas, mas acho que o vento foi tão forte que abriu frestas, por onde a água entrou. Cheguei a pensar em tornado.”
Instabilidade
De acordo com os meteorologistas da Climatempo, as fortes pancadas de chuva e as rajadas de vento que causaram estragos na cidade foram provocadas por uma linha de instabilidade que se formou, no início do dia, na divisa entre São Paulo e Paraná, chegando à região da capital paulista por volta das 16h. Outro fator que contribuiu para aumentar a intensidade dos ventos foi o deslocamento, pelo litoral da região Sul do País, de um ciclone extratropical considerado forte e de grande extensão.
Uma linha de instabilidade é um conjunto de nuvens densas, do tipo cúmulos-nimbos – cuja extensão vertical é maior que 15 quilômetros e se desloca de forma interligada, aumentando a intensidade dos temporais e potencializando os ventos. “É comum termos ventania e chuva forte na passagem desse tipo de sistema”, informou a Climatempo ainda antes do temporal.
O fenômeno também influenciou o clima no litoral de toda a região Sudeste do País, aumentando a possibilidade de registro de ressacas e colaborando para o aumento da intensidade dos ventos. A frente fria deve se afastar nesta terça, mas deve chegar a São Paulo um movimento de ar polar e a temperatura deve chegar a 14ºC novamente já na quinta-feira (19).
Fonte: Último Segundo/Brasil/Estadão
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