Manifestações contra Michel Temer ocorrem em São Paulo e no Rio de Janeiro
Manifestantes questionam a legitimidade do governo Temer e acusam a atual administração de cortar programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida
Uma nova manifestação contra o governo Michel Temer está marcada para este domingo (4) na Avenida Paulista. A concentração deve ocorrer em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) a partir das 16h30, após a passagem da tocha paralímpica no mesmo local.
Por conta do evento, o governo de São Paulo chegou a proibir o ato que estava marcado para ocorrer por volta das 15h, mas voltou atrás após acordo com os organizadores para adiar o início do protesto.
O ato foi confirmado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) nesta manhã pelo Facebook. A postagem na rede social revoltou usuários que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “A avenida paulista é um lugar sinônimo de trabalho, de gente que acorda cedo e vai em busca dos seus objetivos e do capitalismo que vocês imbecis tanto criticam. Amanhã vai aparecer tudo destruído”, afirmou um deles.
A mensagem fez referência a atos de depredação que vêm ocorrendo nas manifestações desde a última semana. Uma série de estabelecimentos comerciais e agências bancárias foram destruídos durante confrontos com a Polícia Militar (PM).
A jovem Deborah Fabri, de 19 anos, afirmou ter perdido a visão do olho esquerdo em uma das manifestações. Testemunhas dizem que a jovem foi atingida por estilhaços de bombas lançadas pela PM.
Em nota, o Ministério Público do Estado de São Paulo informou estar “observando as ocorrências” e afirmou que, até o momento, não designou um promotor de justiça para acompanhar as investigações do caso porque Deborah “não procurou a autoridade policial”.
Além da presença da PM, foi autorizada por Michel Temer também a atuação das Forças Armadas nesta tarde para garantir a segurança da passagem da tocha paralímpica na avenida.
Concentração em Copacabana
No Rio de Janeiro, centenas de pessoas se reuniram em frente ao Hotel Copacabana Palace, na Praia de Copacabana, para protestar contra o governo do presidente Michel Temer.
Victor Guimarães, representante do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), disse que cresce nas ruas o movimento de resistência, apesar do boicote da mídia. Guimarães acredita que as pessoas estão atentas a retrocessos nas politicas públicas e direitos sociais. Como exemplo, cita a reforma trabalhista, em discussão no governo e o corte no Programa Minha Casa, Minha Vida.
“Na primeira semana de interinidade já suspenderam com uma canetada a contratação de dez mil moradias nos país”, afirmou. “Dez mil famílias inteiras tiveram o sonho da moradia interrompido por uma canetada. Até hoje, não chamaram a gente para negociar, eles não conversam”, afirmou, referindo-se à linha do programa que repassava recursos para organizações sociais construirem os prédios e que foi suspensa.
Segundo o representante MTST, o governo anunciou que voltaria atrás, mas não desbloqueou ainda os recursos de menos de 2% do programa nessa modalidade e que não passava pelas mãos de grandes construtoras.
Preocupada com o que chamou de retrocessos na educacao, a jovem Maria Eduarda Luporini, de 16 anos também estava na manifestação. Para ela, os anúncio de reformas, incluindo privatizações e cortes de gastos públicos levará o ensino público ao colapso, principalmente o ensino superior com o qual ela sonha. “Esse governo só vai acentuar os problemas do país, quem mais vai se prejudicar sao os trabalhadores e o pobres”, disse.
Teresinha Martins Sobral, de 83 anos, aposentada, afirmou olhar com desconfiança para o novo governo. “Um governo que chegou aonde está por cima do voto popular não é legítimo”, disse. Ela acompanha a situação política do país e diz que é a mais grave pela qual já passou.
“Já vi tantas coisas, mas de toda minha jornada de vida, isso é pior. As perdas diante do que tínhamos conquistado, de direito, minha sobrinha agora mesmo estava me falando do corte de verbas nas universidades, ou seja, é um golpe sobre as conquistas recentes.”
Para ela, as pessoas têm mais consciencia agora do que em 1964, quando os militares chegaram à presidência à força. Por isso, participam de protestos. “A manifestação é pacífica, por direitos, o brasileiro tem que se manifestar contra o golpe”, afirmou Teresinha.
Também aposentada, a professora universitária, na faixa dos 60 anos, Beti Rabeti, identifica sinais de machismo no processo que tirou Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, pelo Congresso, em um processo cuja legalidade é questionada por setores da sociedade.
“Há uma dimensão machista, até misógina, no fato de termos a primeira mulher presidenta afastada”, afirmou. Ela não acredita em reversão, mas avalia que a resistência vai existir. ” A luta politica nunca foi e nem nunca será fácil. A esquerda hoje é mais necessaria que nunca. A luta é contínua”, disse.
Com frases bem humorados contra o governo, como “Já falei, vou repetir, é o povo que tem de decidir”, além de cartazes a favor de eleições, a manifestação seguiu em direção ao Canecão, tradicional casa de shows, ocupada pelo movimento “Ocupa Min”.
A Policia Militar não faz estimativa de público em manifestações no Rio. Os organizadores da Frente Brasil Popular não passaram o número de participantes.
Fonte: Último Segundo/Política/Com informações da Agência Brasil
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