Tensão racial cresce nos EUA com mais uma morte de jovem negro e novos protestos
Homem de 21 anos morreu após abordagem policial em Baltimore; em Charlotte, moradores ignoram toque de recolher e fazem nova manifestação
Mais um jovem negro foi morto após uma operação da polícia dos Estados Unidos, em Baltimore, na cidade de Maryland – que já ficou marcada pelo falecimento do afro-americano Freddie Gray enquanto estava sob custódia das forças de segurança. O caso surge na mesma semana em que a tensão racial voltou a crescer nos Estados Unidos, com seguidos protestos na cidade de Charlotte, na Carolina do Norte.
Assim como ocorrido com um homem negro no início desta semana em Charlotte, o jovem Tawon Boyd, de 21 anos, morreu em Maryland depois de ter tentado resistir a uma prisão no mesmo município. O caso ocorreu no último dia 19 de setembro, quando a polícia foi chamada pela noiva de Boyd, Deona Styron, que denunciava “comportamentos estranhos” do companheiro.
Contudo, a própria mulher disse depois que os agentes usaram força excessiva na abordagem, mesmo Boyd estando desarmado. As circunstâncias do episódio ainda não estão claras, mas o homem foi levado de ambulância para um hospital. Após três dias internado, não resistiu e faleceu. Seu corpo deve passar por uma autópsia para identificar a causa da morte.
Em abril de 2015, um homem negro de 25 anos chamado Freddie Gray faleceu em Baltimore enquanto estava sob custódia da polícia. Ele havia sido preso menos de uma hora antes de ser levado ao hospital, aonde chegara com 80% da coluna machucada e três ossos do pescoço quebrados.
Carolina do Norte
Além dessa ocorrência, nos últimos dias, a cidade de Charlotte, na Carolina do Norte, vem sendo palco de violentos confrontos por conta da morte do negro Keith Lamont Scott pela polícia, reacendendo o debate sobre o preconceito racial nos Estados Unidos.
Pela terceira noite consecutiva, centenas de moradores da cidade fizeram passeatas, na noite desta quinta-feira (22), em protesto pelas circunstâncias que envolveram a morte de Keith Lamont Scott, um homem negro de 43 anos, que foi atingido a tiros pela polícia na última terça-feira (20). Em resposta, as autoridades decretaram toque de recolher, que começou à meia-noite e terminou às 6h desta sexta-feira (23).
Apesar do toque de recolher, as autoridades decidiram não obrigar os moradores a voltar para casa, desde que permanecessem nas ruas de forma pacífica. Os manifestantes concordaram com as condições impostas pela prefeita de Charlotte, Jennifer Roberts, e não repetiram os ataques com pedras e garrafas contra policiais, carros e lojas comerciais, como os ocorridos nas duas noites anteriores. Em vez disso, os manifestantes percorreram as ruas entoando as palavras de ordem “sem justiça não há paz”, “fim ao terror policial” e “vidas negras importam”.
Versões sobre a morte
Eles dizem que não aceitam as explicações da polícia de que Keith Lamont Scott se recusou a largar uma arma que supostamente portava no momento em que foi atingido tiros por policiais. A polícia afirma que tem vídeos que mostram a veracidade da informação. Nesta quinta-feira, em uma entrevista, o chefe da polícia, Kerr Putney, recebeu cobranças de repórteres para mostrar as imagens. Putney, porém, recusou-se a exibir os vídeos, alegando que isso poderia prejudicar as investigações.
A família de Keith Lamont Scott informou, pelas redes sociais, que teve acesso aos vídeos e concluiu que as imagens deixam dúvidas sobre a versão policial de que Keith Lamont Scott estava com uma arma na mão e que se recusou a jogá-la no chão.
Um advogado da família divulgou a seguinte declaração: “Depois de assistir aos vídeos, a família volta a ter mais perguntas do que respostas”. Ele disse que as imagens mostram o momento em que, ao ser abordado por policiais, Keith Scott sai de seu carro calmamente sem exibir nenhum gesto agressivo. “É impossível discernir, a partir dos vídeos, o que Scott está segurando em suas mãos”, acrescentou o advogado, ao insistir em negar a versão apresentada pela polícia de Charlotte.
Fonte: Último Segundo/Mundo/Ansa/EBC Agência Brasil
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