Nulos, brancos e abstenções ‘vencem’ eleições em 22 capitais
Número de votos nulos, brancos e abstenções surpreendeu neste primeiro turno, superando 1º colocado em dez capitais e vencendo o 2º em outras 11
Os grandes campeões deste primeiro turno de eleições municipais foram os votos inválidos ou ausências. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, a soma de votos nulos, brancos e abstenções superou o primeiro ou segundo colocado na disputa para prefeito em 22 capitais.
Somadas, as abstenções, nulos e brancos superaram o primeiro colocado em dez capitais: Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Curitiba (PR), São Paulo (SP), Campo Grande (MS), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Cuiabá (MT), Aracaju (SE) e Belém (PA).
No Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, esta soma de nulos, brancos e abstenções chegou a superar os votos obtidos pelos dois primeiros colocados, juntos.
As abstenções, nulos e brancos superaram o segundo colocado na votação de 11 capitais: Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Palmas (TO), Maceió (AL), Recife (PE), Natal (RN), São Luis (MA), Fortaleza (CE), Macapá (AP), Boa Vista (RO), e Salvador (BA).
Em Rio Branco (AC), Vitória (ES), João Pessoa (PB), Teresina (PI) e Manaus (AM), a soma de abstenções, nulos e brancos ocuparia o terceiro lugar na eleição para prefeito.
Manaus é exceção
O menor índice de abstenções entre as capitais foi registrado em Manaus: 8,59%.
Já o maior índice de pessoas que deixaram de votar em todo o País foi registrado no Rio de Janeiro (24,28%). Praticamente um em cada quatro eleitores não votou na capital carioca.
Brancos, nulos e abstenções chegaram a 1.866.621 no Rio. Os dois líderes, Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), juntos, tiveram 470 mil votos a menos.
Em São Paulo, a soma das faltas ou votos inválidos foi 3.096.304. O estreante João Doria (PSDB), que venceu a eleição no primeiro turno, registou 3.085.187 votos – mais de 11 mil a menos.
Negação e voto útil
O professor de gestão de políticas públicas da USP Pablo Ortellado justificou a alta rejeição por dois fenômenos: a onda de manifestações de 2013 e o impacto das investigações da Operação Lava Jato.
“Estamos vivendo uma profunda crise do sistema de representação por causa de dois processos. Junho de 2013, com a grande mobilização da sociedade brasileira rejeitando o sistema de representação e demandando direitos, e esse escândalo da Lava Jato, que contaminou e colocou sob suspeita todo o sistema político partidário. Todos ficaram sob suspeita desde o início das investigações”, disse o professor à BBC Brasil.
Para Ortellado, a vitória de Doria no primeiro turno paulistano é um reflexo do mesmo fenômeno, já que sua campanha teria sido baseada completamente no discurso da “antipolítica”.
“O resultado das urnas em São Paulo foi uma demonstração eloquente do discurso da antipolítica. Essa é uma rejeição natural – eu ficaria muito preocupado se houvesse uma crença no sistema político depois de tudo o que aconteceu nesses últimos três anos”, afirmou o professor.
O voto útil, segundo o instituto Datafolha, também influenciou a vitória do candidato tucano em São Paulo.
Entre os eleitores de Celso Russomanno (PRB) que admitiram na véspera que poderiam mudar voto, 39% citaram Doria como primeira opção. Dos apoiadores de Marta, “cerca de um terço” indicava mudar seu voto para o empresário – outros 29% disseram que consideravam mudar para Haddad.
Fonte: Último Segundo/Eleições/BBC BRASIL
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