Gim Argello é condenado a 19 anos de prisão
Segundo o juiz Sérgio Moro, ex-senador recebeu propinas de empreiteiras envolvidas na Lava Jato; ele foi preso pela Polícia Federal no dia 12 de abril
O juiz Sérgio Moro condenou nesta quinta-feira (13) o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) a 19 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução às investigações. Ele foi preso pela Polícia Federal no dia 12 de abril, durante a 28ª fase da Operação Lava Jato. Outros três réus, entre eles os empresários Léo Pinheiro e Ricardo Pessoa, também foram condenados.
O ex-senador, cujo nome de batismo é Jorge Afonso Argello, também terá de pagar multa de quase R$ 1,5 milhão. Ele começará o cumprimento da pena em regime fechado. No processo, Moro cita que, em 2014, enquanto ainda exercia seu mandato no Senado, Gim Argello, “ao invés de cumprir com seu dever, aproveitou o poder e oportunidade para enriquecer ilicitamente, dando continuidade a um ciclo criminoso”.
Segundo o magistrado, “a prática do crime de corrupção envolveu a solicitação de cerca de trinta milhões de reais, cinco milhões para cada empreiteira [envolvida na Lava Jato], com o recebimento de pelo menos sete milhões e trezentos e cinquenta mil reais, um valor muito expressivo. Um único crime de corrupção envolveu pagamento de cerca de cinco milhões de reais em propinas”. Moro ressalta que os valores foram utilizados em campanhas eleitorais em 2014.
O empresário José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, foi condenado a oito anos e dois meses de reclusão pelos mesmos crimes cometidos pelo ex-senador. Sua pena, inicialmente, também será cumprida em regime fechado. Ele ainda terá de pagar multa de quase R$ 500 mil.
Conforme Sérgio Moro justifica na sentença, Léo Pinheiro lançou mão de “pagamento de vantagem indevida” para “comprar a lealdade de Argello, que agiu na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Petrobras para proteger as empreiteiras, inclusive para não convocar os dirigentes para depor”. Pinheiro já foi condenado anteriormente por Moro, mas, como a ação ainda não tem trânsito em julgado, não foi considerado o antecedente.
Para Ricardo Pessoa, da UTC, a condenação foi de dez dias e seis meses de prisão – também pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução das investigações. Ele começará a cumprir a pena em regime fechado e será multado em quase R$ 800 mil. Pessoa já havia sido condenado em junho por corrupção e participação em organização criminosa, em outra ação decorrente das investigações da Lava Jato. Porém, assim como no caso de Léo Pinheiro, ainda não é considerado reincidente.
O terceiro condenado, pelos mesmos crimes dos demais envolvidos na ação, é Walmir Pinheiro Santana, ex-diretor da UTC. A pena fixada a ele é de nove anos, oito meses e 20 dias de reclusão, além de multa de pouco mais de R$ 600 mil.
Histórico
Gim Argello assumiu como senador em julho de 2007, substituindo Joaquim Roriz, que também estava envolvido em escândalos. Roriz renunciou ao cargo depois que veio a público uma gravação telefônica na qual ele discutia a partilha de um cheque no valor de R$ 2,3 milhões. A posse do suplente também gerou polêmica: na época, o PSOL questionou o mandato do petebista, que, na época, respondia a pelo menos seis processos ou inquéritos civis e criminais. Argello chegou a ser um dos principais articuladores da ex-presidente Dilma Rousseff durante o primeiro mandato dela. No Congresso, o agora condenado chegou a ser vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apurava irregularidades na Petrobras, por indicação da então base governista do Senado.
Fonte: Último Segundo/Política/Ig. São Paulo
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