Delator mira em Dilma, acerta Temer e decide mudar depoimento sobre propina
Otávio Azevedo havia denunciado doação de R$ 1 milhão em propina para Dilma; porém, defesa da petista provou que dinheiro caiu na conta de Temer
O ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, mudou nesta quinta-feira (18) a versão sobre o cheque de R$ 1 milhão doado à chapa Dilma-Temer na campanha presidencial de 2014 e disse que o valor não se tratava de propina. A alteração acontece logo depois da defesa da ex-presidente petista afirmar que a doação foi feita por meio de contas de Michel Temer, então candidato a vice, em 2014 e atual presidente do Brasil.
De acordo com informações publicadas nesta sexta-feira (18) no jornal Valor Econômico, Azevedo retificou o que tinha dito antes, negando qualquer semelhança a propina, em seu novo depoimento, na ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em setembro, Azevedo disse que doou R$ 1 milhão ao diretório do PT em 2014, valor que seria parte de acordo de pagamentos com dinheiro desviado de contratos da Petrobras. No entanto, na semana passada, o advogado de Dilma, Flávio Caetano, juntou aos documentos entregues ao TSE a cópia de um cheque datado de 10 de julho, no valor de R$ 1 milhão, depositado diretamente na conta da campanha de Michel Temer, em 14 de julho de 2014.
A audiência para o novo depoimento de Otávio Azevedo foi fechada, sem acesso à imprensa, mas advogados de defesa e acusação confirmaram que ele mudou o depoimento.
De acordo com Jose Eduardo Alckmin, advogado do PSDB, Azevedo disse que não houve dinheiro oriundo da Petrobras doado diretamente à campanha Dilma-Temer. Segundo ele, Azevedo “veio explicar que realmente tinha se confundido em função de um recibo que chegou às mãos e que tinha essa falsa impressão de que a doação teria sido feita para a campanha da presidente Dilma a partir de doações feitas em março de 2014, mas que agora ele vê melhor a documentação e percebe que não estava exata a informação”.
A informação de que Temer recebeu dinheiro de propina fragiliza a defesa do hoje presidente, que sempre tentou se afastar de possíveis atos ilícitos cometidos durante a campanha presidencial de Dilma, que tinha o petista Edinho Silva como tesoureiro.
Segundo Gustavo Guedes, advogado de Michel Temer, “foi um depoimento de retificação, onde ele apresentou a nova versão, dizendo que se equivocou em relação ao primeiro depoimento e que, ao contrário, do que disse, não houve da Andrade Gutierrez nenhum valor de propina para a campanha presidencial de 2014”. Azevedo “portanto retificou para dizer que nenhum valor da Andrade Gutierrez era originário de propina, apenas doações legais, voluntárias da campanha, então nenhum valor de propina foi para a eleição de 2014”, disse Guedes.
Em setembro, Azevedo disse: “Bom, de onde que vem esse R$ 1 milhão? Vem de março de 2014 – que não era período eleitoral. Por que nós fizemos a contribuição de um milhão em março? Porque nós estávamos sofrendo pressão para cumprir obrigações dos acordos de contribuição dos 1% aí de cada projeto. Então esse um milhão feito em março em duas parcelas de quinhentos mil, em julho, já no período eleitoral, foi transferido pra campanha da Presidente Dilma”.
“Tentam jogar em cima do vice”
Em entrevista à rádio Itatiaia, de Minas Gerais, Temer disse que não se preocupa com a possível cassação da chapa que o levou ao Palácio do Jaburu – e, posteriormente, ao Planalto – e negou que o dinheiro que recebeu se tratava de pagamento de propina.
“As figuras institucionais do presidente e do vice-presidente são constitucionalmente diversas. [Essa doação] foi R$ 1 milhão que a empresa me ofereceu espontaneamente. Não tenho nenhuma preocupação com isso”, afirmou o peemedebista.
Temer também disse “lamentar” a atitude dos advogados de Dilma Rousseff em tentar comprometê-lo no processo que corre na Justiça Eleitoral.
“Eu lamento que agentes do PT tenham dito isso. Evidentemente, a ex-presidente não poderá ser afastada, né. Então o que eles fazem? Dizem que o vice-presidente é responsável pela propina. Tentam jogar em cima do vice-presidente”, reclamou Temer. “Mas isso não acontecerá”, assegurou.
Fonte: Último Segundo/Política/Ig. São paulo
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