Um grande centro de convenções em Las Vegas divide seu espaço para receber nesta semana dois grandes eventos, com focos distintos. O maior deles é a feira de eletrônicos Consumer Electronics Show (CES), onde milhares de empresas apresentam produtos high-tech e também indicam quais as próximas tendências do universo tecnológico.

O menor, mas talvez mais animado, é o Adult Entertainment Expo, um evento recheado de produtos e filmes da indústria erótica. As duas feiras tiveram início na quinta (8) e vão até domingo (11).

A transição de um pavilhão para outro — da tecnologia para a pornografia — exige um bom tempo de adaptação.

O visitante que passa por isso pode não saber muito bem qual expressão facial adotar quando a exibidora do estande de vibradores exóticos explicar o funcionamento de um produto mirabolante (apontando bastante para seus órgãos sexuais, se necessário for). E faz isso com a mesma naturalidade da moça que explicou mais cedo, no outro pavilhão, o conceito de um minicomputador que funciona até debaixo d’água.

Também é difícil saber como interagir com a expositora de um produto chamado We-Vibe quando ela tenta explicar simultaneamente para duas pessoas — a repórter do G1 e um visitante totalmente desconhecido — as vantagens do acessório que classifica como “revolucionário”.

Sem graça, os dois se concentram no aparelho, não se olham e respondem de forma monossilábica (e bem baixinho) às perguntas da simpática senhora, que parece confortável com aquele universo.

O momento de “convivência” entre os dois visitantes foi tão constrangedor que, quando o desconhecido saiu, a repórter ainda tentou se explicar, dizendo à expositora que cobre a área de tecnologia.

“É tudo a mesma coisa. Ou você acha que tenho cara de atriz pornô?”, brincou a mulher. Com a atitude, ela mostrou ser adepta de um slogan divulgado na feira pela revista “Hustler”: relaxe, é só sexo.

Produtos

Passado o período de adaptação, fica fácil perceber que as duas feiras têm características em comum. Ambas apostam em mulheres com pouca roupa (ou nenhuma, no evento erótico) para atrair visitantes, têm os homens como maior parte do público e exibem produtos tecnológicos.

Sim, o Adult Entertainment Expo está cheio de itens que poderiam se encaixar no perfil da CES, caso a maior feira de eletrônicos do mundo tivesse uma ala para produtos adultos.

Os itens que mais se encaixam na área de intersecção entre os dois eventos são os vibradores. Nos mais diversos formatos, cores e tamanhos, eles prometem o emprego da tecnologia para dar prazer aos usuários.

A empresa OhMiBod, por exemplo, oferece vibradores que se conectam a tocadores digitais. A vibração do aparelho segue o ritmo da música, e a intensidade dos movimentos é determinada pelo volume.

Ou seja: coloque o som do iPod no máximo e o o OhMiBod deixará no chinelo a função “vibra call” de seu telefone celular. O produto está à venda nos EUA pelo sugestivo valor de US$ 69.

Em cima desse mesmo conceito, a empresa criou outras versões de vibradores que funcionam com aparelhos eletrônicos. O Botitalkescort, por exemplo, é pequeno e ativado pelas ligações do celular — nas fotos de divulgação, o produto está associado a um iPhone, claro.

A idéia é que a usuária deixe o vibrador “pré-instalado” (no linguajar da CES), para que ele seja ativado toda vez que ela receber uma chamada. Tem também o Naughtinano, com modelos que seguem a mesma cartela de cores da nova geração de iPods nano.

Segundo a funcionária da OhMiBod, os produtos funcionam com qualquer tocador digital ou telefone que tenha saída para fones de ouvido – segundo ela, há o relato de um cliente que conectou o vibrador a uma guitarra. “Se na ocasião o nosso aparelho foi usado pela namorada dele, essa é uma nova forma de se fazer serenata”, brincou a expositora, também adepta ao “relaxe, é só sexo”.