Genética pode explicar traições no relacionamento

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Um elixir do amor. Um tônico da fidelidade. Um simples exame de sangue que indique o parceiro ideal. Com as recentes descobertas na área da bioquímica, genética e neurofisiologia, cientistas já começam a entender quais e como as áreas do cérebro envolvidas com apego e fidelidade funcionam, e o papel dos hormônios na aproximação entre casais e na manutenção de relacionamentos duradouros. Agora, dizem, é apenas uma questão de tempo para se chegar a uma fórmula.

A neurobiologia do amor e da paixão foi um dos principais temas do quinto Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções, que ocorreu em Gramado esta semana. Com os avanços dessas pesquisas, talvez, num futuro não muito distante, seja possível combinar exames de sangue e de imagem para saber se um casal tende a dar certo ou não.

Casar-se ou continuar um namoro indefinidamente, ainda hoje uma questão sem resposta para alguns homens e mulheres, pode estar perto de ser resolvida. Os neurocientistas já sabem quais áreas o cérebro ativa em determinadas situações, como, num momento de estresse ou medo ou em indivíduos que consomem drogas. Agora esses conhecimentos estão sendo aplicados para entender a configuração das relações humanas, principalmente no que diz respeito à empatia e aos julgamentos morais.

No amor, as análises em neurociências confirmam o que muitos escritores e poetas já sabiam: apaixonar-se é tão inconsciente quanto sentir fome, com as duas reações ativando estruturas similares no cérebro. São processos vitais arraigados, que acionam áreas profundas do cérebro, e responsáveis pela recompensa. Elas foram se desenvolvendo durante milhares de anos no homem.

– A neurociência mostra que a paixão é antesala do amor. Na paixão ocorre a desativação de áreas ligadas ao juízo crítico, o que é apropriado ou não, e à identificação de ameaça no ambiente. Isso faz com que a pessoa apaixonada veja menos defeitos na outra. Daí a máxima de que o amor é cego – diz o neurocientista André Palmini, da divisão de neurologia e professor da PUC-RS, que falou sobre o tema no Congresso.

Com o passar do tempo, essas áreas associadas à paixão vão se tornando menos intensas, como se a pessoa fosse saciada aos poucos. Outras partes do cérebro, como a relacionada à empatia, são acionadas. A estrutura primitiva do cérebro que traz a sensação de bem-estar continua atuando. Por isso as pessoas continuam interessadas uma na outra, diz Palmini.

Só a biologia e a genética, porém, não explicam porque alguns relacionamentos duram mais tempo que outros. Isso porque há influência do meio ambiente. Mas a neurociência já descobriu substâncias importantes no apego e na fidelidade, como os hormônios ocitocina e a vasopressina. O primeiro é fabricado pelo hipotálamo e guardado na hipófise posterior. Sua função básica é ativar as contrações uterinas durante o parto e a liberação do leite na amamentação. E ainda ajuda casais a ficarem juntos por muito tempo. Ele é associado ao que as pessoas sentem, por exemplo, ao abraçar a outra por quem sentem grande estima. É chamado de “hormônio do amor”. Tanto que a sua concentração durante o orgasmo se eleva em 400%.

Já a vasopressina é liberada pela neurohipófise e aumenta a pressão sanguínea. Ela também é liberada no ato sexual, trazendo sensação de prazer, o que aumenta as chances de um casal se acertar.

Para Palmini, não se sabe, inclusive do ponto de vista ético, os limites da neurobiologia. Talvez os cientistas possam desenvolver tratamentos para aumentar ou reduzir a produção dos hormônios do amor. E o antigo exame de sangue pré-nupcial dos nossos avós possa incluir uma análise dessas substâncias para saber se a química do casal realmente funciona, se corresponde à expectativa de fidelidade. É a questão de pele, comprovada cientificamente.

– Será que podemos conseguir a monogamia estimulando mais a produção de oxicitocina, um marcador químico para o apego? Quais serão as implicações? Haverá um tratamento com drogas para deixar a pessoa mais apaixonada? Até que ponto pode-se tratar e mudar o comportamento humano? São questões que estamos começando a discutir – diz Palmini.

fonte: o globo


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