Conheça a dieta para quem quer emagrecer sem cortar o carboidrato, o vinho ou o chocolate
Como cortar o carboidrato se você não vive sem pão? Ou ficar sem aquela barrinha de chocolate que ama? Nem sempre é fácil perder ou manter o peso sem comer os alimentos preferidos. E a maioria dos regimes para emagrecer tem cardápios restritos e padronizados, o que torna mais difícil driblar a balança.
A revista Marie Claire pediu a duas nutricionistas dicas e substituições para que ninguém precise abrir mão do que gosta para ficar elegante
Quem não vive sem pão ou macarrão
Em geral, são as que mais apelam para as dietas que cortam completamente os carboidratos da rotina, como a Atkins — em que, por duas semanas, não é permitido ingerir nem pão nem massa nem mesmo algumas frutas e legumes. Mas justamente por serem tão radicais, essas restrições não costumam durar muito tempo. Além disso, há estudos que relacionam a necessidade de comer carboidratos a uma baixa produção de serotonina (o hormônio do prazer) no cérebro.
“Uma forma de melhorar a liberação dessa substância sem apelar para os carboidratos é consumir alimentos ricos em triptofano, como castanhas em geral, abacate, banana, ovos, leite e derivados”, diz a nutricionista Mariana Jota, da Emex Nutrição Orientada.
Mas quem não consegue viver sem massas, pães & cia., a dica é aprender a consumi-los corretamente. “A massa deve ser sempre acompanhada de uma fonte de proteína e de uma salada, para controlar o índice glicêmico”, afirma Mariana.
Índice glicêmico é o nível de glicose no sangue. Quanto mais rápido ele sobe, mais rápido passa a sensação de saciedade. Ou seja, se for comer um pão branco, por exemplo, inclua no recheio peito de peru, atum ou sardinha. O macarrão, por sua vez, deve sempre vir acompanhado de uma salada e de uma carne magra.
Os alimentos que mais interferem nessa relação glicêmica são justamente os pães, as massas e os doces, chamados de carboidratos simples. Os carboidratos integrais fazem o efeito inverso: a digestão ocorre lentamente, em função das fibras, e a glicose, consequentemente, é liberada aos poucos, mantendo o nível de energia equilibrado por mais tempo.
Resultado: sem fome por mais tempo. Por isso, sempre que possível, prefira os integrais.
Quem ataca a geladeira à noite
De nada adianta passar o dia todo se controlando e, à noite, atacar a geladeira. Em alguns casos, esse comportamento pode ser sintoma de uma compulsão alimentar chamada síndrome da alimentação noturna (quando a pessoa come 50% da ingestão diária depois das 19h), mas, na maioria das vezes, é apenas um hábito errado — essa síndrome acomete apenas 1,5% da população em geral e 8% dos obesos.
“O maior problema desse comportamento é o consumo de calorias num período em que o metabolismo está com o funcionamento mais lento, pois a necessidade e a queima de energia tendem a ser menores”, diz a nutricionista Martha Amodio, da clínica Stesis.
Uma forma de eliminar esse hábito é alimentar-se melhor durante o dia, não pular refeições e, principalmente, fazer lanche da tarde e um jantar leve, para que o corpo mantenha-se nutrido. Mas enquanto isso não acontece e a vontade continua atacando de madrugada, a dica prática é deixar à disposição alimentos de fácil digestão, saudáveis e pouco calóricos, como palitos de cenoura, pepino e erva-doce, iogurtes, gelatinas, salada de frutas e queijos e frios magros.
“Ninguém vai fatiar cenouras ou preparar rolinhos de peito de peru no meio da noite. Em geral, nessa hora a gente pega a primeira coisa que vê na frente, quase sempre pães, biscoitos, justamente o que se deve evitar”, diz ela. Um copo de leite desnatado também pode ajudar a saciar a fome (ou a gula).
Quem não abre mão de uma tacinha de vinho
A primeira regra de qualquer dieta é: diminuir ou evitar ao máximo o consumo de bebidas alcoólicas, pois elas são bastante calóricas. Mas essa não é uma tarefa fácil para todo mundo – há quem sofra só de pensar em abrir mão do vinho, da caipirinha ou da cerveja mesmo que só nos fins de semana.
“Uma boa dica para quem tem essa dificuldade é tomar água entre os goles da bebida alcoólica”, diz Martha. Assim, mantém-se o prazer e diminui-se consideravelmente o consumo.
“Parece exagero, mas se lembrarmos que cada grama de álcool tem sete calorias, enquanto cada grama de carboidrato ou proteína tem quatro e de gordura tem nove dá para se ter uma idéia do quanto uma tacinha pode atrapalhar uma dieta”, afirma. Uma simples taça de vinho, por exemplo, tem 107 calorias, ou seja, quatro delas já equivalem a uma refeição inteira.
Outra maneira de “enganar” o paladar é preparar drinques não alcoólicos e consumi-los entre as bebidas alcoólicas.
Por exemplo: se você gosta muito de vinho tinto, sirva-se de meia taça, beba intercalando com água e depois, neste mesmo tipo de taça, coloque suco de uva integral. Quando terminar, sirva-se de mais meia taça de vinho, intercalando as tomadas com água. Se gosta de espumante, faça o mesmo com água com gás pura ou misturada com algum suco que se aproxime da cor da sua bebida favorita e sirva na taça.
“Vale também incluir frutas na bebida, como pedaços de maçã e pêssego, e fazer uma ‘sangria’, com umas gotinhas de adoçante”, sugere a nutricionista.
Quem come chocolate todos os dias
Quem não consegue viver sem chocolate cansou de ouvir de nutricionistas e endocrinologistas que deve trocar a versão ao leite pela amarga. Isso pode soar como uma heresia, mas vale a pena tentar.
Foi comprovado que o chocolate amargo ou com maior concentração de cacau (em torno de 70%), além de ter menos açúcar e gorduras, é o que traz mais benefícios à saúde – rico em flavonóides, ajuda a proteger o coração, a prevenir o diabetes tipo 2, reforça as defesas do corpo e até controla o apetite.
“Um jeito é acostumar o paladar aos poucos, começando com os de 40%, depois 50% e assim por diante”, diz Martha Amodio. Ou tentar equivalentes no sabor para saciar a vontade, sugere Mariana Jota. “A semente de alfarroba (uma vagem originária do mediterrâneo) tem gosto de chocolate, é isento de lactose e tem quatro calorias por grama enquanto o cacau tem nove”, diz.
Além disso, a vagem é comercializada em pó (como o chocolate) é pobre em gorduras, rica em fibras (como a pecticina, que aumenta a saciedade, melhora a digestão e, de quebra, reduz o colesterol ruim do sangue), e boa fonte de vitaminas B1, B2, A, além de rica em cálcio, magnésio, potássio, sódio e ferro, minerais que reforçam as defesas do organismo.
Se nada disso adiantar, porém, é bom saber que o consumo de chocolate deve ser de no máximo 30 g por dia e o melhor horário para consumi-lo é entre meio-dia e 15h.
Quem fica o dia inteiro beliscando
Entram nessa categoria aquelas que não conseguem ficar no computador, ler ou assistir TV sem estar mastigando alguma coisa. “Em geral, esse comportamento tem um fundo emocional, como ansiedade”, diz a nutricionista Martha Amodio.
“A boa notícia é que estudos comprovam que dá para ‘enganar’ o cérebro e saciar o desejo de consumir a todo o momento sem ingerir necessariamente algo calórico.”
A dica, então, é parecida com a dos comedores noturnos: busque alimentos nas versões integrais e tenha sempre à mão palitos de legumes, frutas secas, mix de castanhas, semente de abóboras, chiclete sem açúcar, enfim, opções que mantenham a boca ocupada e a vontade saciada, mas que sejam saudáveis e pouco calóricas. Ou seja, transformar a compulsão em aliada, já que a recomendação é de fazer seis refeições por dia, contanto os lanches.
“Outra dica é tomar chás que ajudam a controlar a ansiedade, como camomila, melissa e erva-cidreira”, diz Mariana Jota.
Dicas que valem para todas
Iogurte emagrece
Uma pesquisa recentemente divulgada pela Universidade de Harvard mostrou que quem come mais iogurte perde uma média de 370 gramas a cada quatro anos sem sacrifício.
“As bactérias aumentam a produção de hormônios intestinais que produzem saciedade e diminuem a fome”, diz Frank B. Hu, especialista em nutrição na Faculdade de Harvard de Saúde Pública e coautor do estudo. As bactérias podem também aumentar a taxa metabólica do corpo, facilitando o controle do peso.
Proteína mata a fome
Cientistas da Universidade do Missouri chegaram à conclusão que aumentar em 10% a ingestão de proteínas no café da manhã diminui a sensação de saciedade durante o dia todo. O estudo, publicada recentemente no periódico Obesity, mostrou que a proteína consumida logo cedo ameniza os sinais emitidos pelo cérebro que estimulam a motivação para comer e o comportamento alimentar de recompensa.
“Comer no café da manhã é importante e já se sabia disso. Essa pesquisa ressalta, no entanto, que essa refeição é uma estratégia valiosa para controlar o apetite e regular a quantidade de alimento que consumimos”, diz Heather Leidy, uma das pesquisadoras.
fonte: Mayra Stachuk
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