Com Nobel, Bob Dylan se torna maior e mais premiado artista de todos os tempos
Cantor americano agora coleciona Grammy, Pulitzer, Oscar e Globo de Ouro, além de incontáveis outros prêmios. Repercussão ao inusitado prêmio repercutiu bem na imprensa internacional; confira principais reações
O mundo recebeu com surpresa, e considerável cota de boa vontade, a notícia de que o cantor americano Bob Dylan foi o vencedor do Nobel de Literatura. “Não pense duas vezes, está certo”, anunciou a rede de TV americana ABC sobre a vitória do cantor. “Muitos especialistas o deixaram de fora das especulações, pensando que academia não estenderia seu prêmio centenário ao mundo da música. Eles estavam errados”.
Com a inusitada conquista, o americano Bob Dylan, aos 75 anos, passa a ostentar um feito inédito e dificílimo de ser replicado. Ele é o único artista a ter vencido Nobel, Pulitzer, Grammy, Oscar e Globo de Ouro. Não foi só a imprensa americana que celebrou o feito. Para o jornal Le Monde, “Dylan é sozinho uma síntese da história americana, a poesia surrealista da Geração Beat, a militância política da década de 60, o lamento do blues, a energia rebelde do rock e a crônica da vida diária no país”.
A escolha da academia sueca, no entanto, não foi recebida com unanimidade. A revista americana New Republic definiu o prêmio como um equívoco. “Se o prêmio Nobel de Literatura quer reconhecer um músico, então deveria criar uma premiação para a música”. Para a revista, o fator emocional da obra de Dylan vem principalmente “da melodia, não da linguagem”.
A vitória de Dylan, convém observar, ocorre justamente no ano em que potenciais discordâncias nos bastidores atrasaram o anúncio do vencedor do Nobel de Literatura, geralmente entregue na mesma semana das medalhas da Paz e da Ciência. Segundo algumas publicações europeias, discordâncias sobre o vencedor atrasaram a decisão. O japonês Haruki Murakami era tido como favorito ao prêmio.
Obra eterna
São muitas e perenes as canções que tornam Dylan ímpar, mas é possível desenvolver um raciocínio sobre quais foram as mais importantes para que ele fosse legitimado como um concorrente ao Nobel de Literatura. Ocupante do topo da lista das melhores canções de todos os tempos da revista Rolling Stone e de um punhado de outras publicações musicais, Like a Rolling Stone (1965) é o vaticínio definitivo do talento melódico de Dylan, mas fundamentalmente de sua verve criativa e arrojada como letrista.
Outras grandes composições que atestam seu talento febril são Masters of War (1963) com seu tom taxativo antibeligerante, Maggie´s Farm (1965), outra canção de protesto, dessa vez emancipatória, The Man in the Long Black Coat (1989), um consciencioso exame das turbulências das crises existenciais como só um poeta é capaz de manufaturar, e Just Like a Woman (1966), um olhar elogioso à feminilidade.
Muitas canções de Bob Dylan poderiam ser citadas aqui como parâmetro para um prêmio inesperado, mas a justificativa da academia sueca ao outorgar o Nobel, de que Dylan “criou uma nova expressão poética na música americana” supera qualquer vã ilação. O Nobel de Literatura jamais soprou tão acertadamente pelo vento.
Fonte: Último Segundo/Gente/Ig. São Paulo
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