Justiça suspende bloqueio de bens da Odebrecht na Operação Lava Jato
Pedido foi feito pelo Ministério Público Federal após a empresa ter assinado acordo de leniência com a força-tarefa de investigadores da Lava Jato
A Justiça Federal em Curitiba decidiu nesta sexta-feira (17) suspender o bloqueio de bens que havia sido decretado em novembro do ano passado contra a empreiteira Odebrecht, na Operação Lava Jato. A decisão foi proferida pelo juiz Friedmann Anderson Wendpap, da 1ª Vara Federal da capital paranaense.
O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF) após a Odebrecht ter assinado acordo de leniência com a força-tarefa de investigadores da Lava Jato. Em novembro do ano passado, o pedido de bloqueio foi solicitado pela Advocacia-Geral da União (AGU) para garantir o ressarcimento dos cofres públicos, após decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que apontou superfaturamento de R$ 2,1 bilhões nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
De acordo com a decisão, a construtora deveria depositar mensalmente, em juízo, a quantia de 3% do faturamento, valor referente ao percentual de propina que teria sido cobrada em contratos da Petrobras.
Mais investigação
Na quinta-feira (16), o Ministério Público Federal (MPF) firmou, com nove países da América Latina e com Portugal, o mais amplo acordo de colaboração internacional ligado à Operação Lava Jato , com o objetivo de investigar desvios cometidos pela Odebrecht.
O documento ressalta que o acordo de leniência firmado pela empreiteira com o MPF e as colaborações premiadas de 78 ex-executivos e funcionários da empresa têm uma cláusula de confidencialidade vigente até 1° de junho de 2017.
Em razão desse sigilo e diante do grande interesse das procuradorias-gerais e fiscais dos países envolvidos em ter acesso às informações antes do fim do prazo, o acordo de colaboração foi firmado. A assinatura foi na quinta-feira (16), em Brasília, na sede da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O documento determina que sejam criadas equipes de investigação bilaterais e multilaterais para investigar a empreiteira. Além do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, firmaram o acordo os procuradores-gerais e fiscais da Argentina, do Chile, da Colômbia, do Peru, México, Equador, Panamá, da Venezuela, República Dominicana e de Portugal.
Em ao menos quatro países latino-americanos – Colômbia, Equador, Venezuela e Peru – as investigações contra a empresa já geraram consequências como a prisão de suspeitos. Entre as prisões decretadas, está a do ex-presidente do Peru Alejandro Toledo, acusado de receber cerca de US$ 20 milhões em proprinas ligadas à construção de uma rodovia.
No início de janeiro, a Odebrecht fechou um acordo de colaboração com os promotores peruanos, no qual concordou em devolver R$ 30 milhões aos cofres públicos do país, relativos a ganhos ilícitos. Em dezembro, em um acordo de leniência firmado em conjunto entre a empresa , Brasil, Estados Unidos e Suíça, a empreiteira admitiu ter pago mais de US$ 1 bilhão em propinas a autoridades e funcionários dos governos de ao menos 12 países.
Fonte: Último Segundo/Politica/Ig. São Paulo
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