Correa diz que Brasil é culpado por tensão diplomática
O presidente do Equador, Rafael Correa, disse no sábado, 22, que a tensão diplomática entre seu país e o Brasil, por conta da ameaça de calote ao BNDES, partiu de Brasília, e não de Quito. “Se querem converter um problema comercial-financeiro em um incidente diplomática, isto é de responsabilidade exclusiva do Brasil”, disse em pronunciamento semanal no rádio, publicado pelo jornal “El Comércio”, de Quito, neste domingo.
Correa disse que seu país gosta muito do Brasil e que não há motivo para briga. “Não entendemos por que deve haver um incidente diplomático de algo puramente comercial e financeiro. Um problema que começou com a Odebrecht, e que, quanto mais desenterramos, mais cheira mal”, afirmou.
O presidente equatoriano alegou ainda que seu país não suspendeu o pagamento, mas recorreu judicialmente contra a dívida. “Não demos calote, nem jogamos o contrato no lixo”, disse.
Ontem, Lula manifestou a Correa seu “profundo desagrado” com a atitude do colega equatoriano, de submeter a uma arbitragem internacional a decisão de aplicar um calote de U$ 597 milhões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Correa ligou para Lula na tentativa de se explicar, mas não encontrou nenhuma boa vontade do brasileiro, de acordo com informação de assessores do Palácio do Planalto.
Já o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou, em entrevista à Glonews, também no sábado, que embora o Brasil continue querendo ter uma atitude positiva com relação aos países vizinhos, quando há ações que não se justificam, “nós temos que demonstrar que não há uma tolerância além dos limites do que é uma compreensão natural entre países e amigos”.
Caso Odebrecht
Correa expulsou a empresa de seu país com um decreto, em 23 de setembro, no qual determinou o embargo dos bens da Odebrecht, a ocupação militar das obras em andamento e a proibição de que funcionários da empreiteira deixassem o país, após a central San Francisco, construída pelo consórcio Odebrecht-Alstom-Vatech, começar a apresentar problemas. Inaugurada em junho do ano passado, a usina foi fechada.
A hidrelétrica tinha capacidade de fornecer 12% da energia consumida no país. A Odebrecht tentou um acordo com o governo equatoriano, que foi rejeitado por Rafael Correa no começo do mês passado.
A dívida do Equador com o BNDES para a construção da hidrelétrica de San Francisco ultrapassa US$ 460 milhões. O valor inclui os juros cobrados sobre os US$ 242 milhões emprestados pelo banco para financiar as obras.
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