Parada do Orgulho Gay reúne 250 mil pessoas em Copacabana
A Polícia Militar afirma que 250 mil pessoas ocuparam a orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio, para a 15ª Parada do Orgulho Gay, neste domingo (14).
A chuva, ainda segundo a PM, pode ter afastado o público — os primeiros os trios elétricos começaram o desfile por voltar das 16h ao som do hino nacional. Organizadores do evento contestam os números e dizem que o publico presente foi de 1,2 milhão.
Alguns homossexuais, como o cabeleireiro Guilherme da Silva, de 22 anos, prestigiaram a Parada GLBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) pela primeira vez. “Eu me assumi há um ano e estou adorando estar aqui. Vim pela festa, mas também para lutar contra o preconceito. Semana passada fui vítima de xingamentos na praia da Barra, na Zona Oeste”, revelou o jovem, que compareceu vestido de mulher.
O eletricista Ademir Roberto Freitas, de 23 anos, saiu de São Gonçalo, na Região Metropolitana, para participar do desfile e conta que também já sofreu preconceitos. Ele foi expulso de casa pelo pai aos 17 anos. “Meu pai não aceitou a minha opção sexual na época. Hoje ele já vê com outros olhos, mas diz que prefere não saber o que eu faço”, explicou Freitas.
Entre o público também era possível encontrar heterossexuais que buscavam conhecer o evento e se divertir. O casal Sueli Silva Oliveira, 24 anos, e Alexandro de Oliveira, 36, é um exemplo. “Viemos nos divertir, mas também estamos aqui porque somos a favor da criminalização da homofobia. Assim como racismo é crime, a homofobia também deve ser”, acredita Sueli Oliveira, que é negra.
Discurso contra homofobia
Discursos contra a homofobia e a favor dos direitos GLBT marcaram o início do evento. “Esta é a 15ª Parada Gay no Rio. A continuidade do evento é importante para o desdobramento de políticas públicas.
O combate à intolerância religiosa e à homofobia são duas pautas que estão sendo discutidas na secretaria”, declarou o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Ricardo Henriques, que participou do evento representando o governo do estado — o deputado estadual Carlos Minc, que também prestigiou a festa, criticou o conservadorismo no segundo turno das eleições presidenciais.
Para o presidente do Grupo Arco Íris, Júlio Moreira, apesar dos avanços, a homofobia ainda é uma doença social: “O projeto de lei para a criminalização da homofobia tramita no Senado desde 2006, mas a pressão contrária da Igreja Católica e dos setores conservadores é muito grande. Infelizmente, nosso país ainda confunde religião com política”, afirmou Moreira.
Para a Miss Rio de Janeiro Gay, Malu Pinheiro, é importante curtir a festa, mas o público não pode esquecer a luta GLBT. “Beber, curtir e namorar é ótimo, mas estamos aqui para reivindicar nossos direitos”, destacou.
Caubói e chicote
Os amigos Félix de Assis, de 42 anos, e Fábio Belprado, 31, vieram de São Paulo especialmente para a Parada Orgulho LGBT carioca. Com fantasia de caubói e chicote, os dois prestigiam o evento pela primeira vez.
“Aqui no Rio o preconceito contra os homossexuais ainda é maior do que em São Paulo, mas acredito que está melhor a cada ano”, afirmou Assis.
De acordo com o representante do Grupo Arco Íris, Marco Aurélio Paes, o evento tem um caráter político. “As pessoas vêm para se divertir, mas sabem da importância da presença delas para que os gays conquistem cada vez mais os seus direitos”, explicou Paes.
O casal José Amilton, 33 anos, e Fernando Oliveira, 40, concordam com Paes e estão no clima do evento. Casados há um ano, continuam trocando beijos e abraços apaixonados. “Eu sou de Salvador e ele de Sergipe, moramos juntos em SP e, apesar de nunca termos sofrido preconceito, estamos aqui para lutar pela criminalização da homofobia”, contou Oliveira.
fonte: Liana Leite
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