Muricy Ramalho: ‘Libertadores é objetivo, não é loucura’

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Tetracampeão brasileiro, Muricy Ramalho terá em 2011 mais uma chance para tentar um título inédito em seu currículo: a Taça Libertadores. O torneio passou a ser uma pedra no sapato do técnico, que vem de várias eliminações recentes.

Em 2006, ele foi vice-campeão comandando o Internacional. Nos três anos seguintes, estava no São Paulo e acabou eliminado nas oitavas de final, em 2007, e nas quartas, em 2008 e 2009.

Agora no comando do Fluminense, Muricy traça a conquista internacional como uma meta, mas deixa claro que não pode deixar isso se tornar uma obsessão na carreira. Considerado por muitos como o ‘Rei dos pontos corridos’, ele lembra que possui em seu currículo muitos títulos em campeonatos de ‘mata-mata’. Mas sabe que o peso da Libertadores é diferente para os torcedores brasileiros.

Muito à vontade em seu sítio na cidade de Ibiúna, interior de São Paulo, Muricy recebeu o repórter Mauro Naves, da Rede Globo, e também falou do seu projeto para fazer do Fluminense um clube ainda maior, explicando que o caminho é um só: estrutura. Além disso, o comandante ressaltou a importância de ter um elenco experiente. Para ele, vitoriosos jogadores como Deco e Belletti, mesmo sem uma participação direta nas partidas do Brasileirão, foram determinantes para que o grupo tricolor se sentisse mais confiante.

Confira trechos da entrevista de Muricy Ramalho que não foram ao ar no Esporte Espetacular (no vídeo, a reportagem exibida pelo programa do último domingo).

Libertadores
– (A Libertadores) Pode ser o objetivo, mas não é loucura. Se você pegar o meu currículo, verá que a maior parte dos títulos que eu ganhei são mata-mata, porque a maior parte dos campeonatos aqui são assim. Só o Brasileirão que não, então já ganhei muito mais título em campoenato mata-mata do que nos pontos corridos. Mas o único mata-mata que é importante no mundo para o brasileiro é a Libertadores.

A prioridade do Fluminense para 2011
– O Fluminense tem que crescer muito. Ganhou o Brasileirão depois de 26 anos, opa, legal! Desafogamos! Agora, qual é o próximo objetivo? Tem que se pergunatr ao presidente do clube. É a Libertadores, é a Libertadores, só que é um pouco mais pesado poque a cobrança é maior. Precisamos melhorar em algumas coisas. A viagem é diferente, a cidade é diferente…

Mudanças no time?
– Eu acho que a gente tem que crescer sempre. As pessoas dizem: “Ah, se ganhou, foi tudo muito certo, o planejamento funcionou”. Ganhou, tudo bem, mas tem muita coisa errada, tem muita coisa que a gente errou e tem que consertar. Quando perde, dizem que é tudo um desastre. Não pode, tem que ter equilíbrio. A gente tem que melhorar em muitas coisas.

A própria qualidade do time é boa, mas a gente tem que melhorar muito mais. Você tem que ter na cabeça que a vitória é boa, mas não pode se empolgar. Analisem o nosso grupo na Libertadores. Se a gente vacilar, não passa, é só (time) pesado (nota: o Flu vai encarar Argentinos Juniors, Nacional do Uruguai e América do México).

Estrutura faz diferença?
– Faz diferença, faz muita diferença. Sabe por quê? As pessoas têm que entender, não ganha jogo a bicicleta ergométrica, a esteira, não adianta você ter uma boa fisioterapia e não ter um bom fisioterapeuta. Quem ainda manda é a qualidade do homem e do profissional, ele é quem faz diferença. Só que ajuda, teria que ter uma boa academia, a gente não tem.

O maior problema do time de futebol hoje é recuperar o jogador, porque tem jogo quarta e domingo, então o que é o grande negócio? É recuperar o jogador, e essa recuperação a gente não tem.

Nós precisamos recuperar os caras, eles estão cansados, viemos lá de longe, do Nordeste, calor, aquelas coisas. Aí tem que ter uma boa piscina, não tem. Isso faz a diferença, nós tivemos muitos jogadores importantes machucados. Nosso campo de treinamento não é bom porque nós treinamos todos os dias nele. Não tem campo que aguente. O treinamento é puxado, é forte, você tem que ter um piso bom. São coisas que você tem que explicar para as pessoas porque eles não entendem.

O Muricy teve um time que ganhou sem estrutura. Tudo bem, ganhou o campeonato, mas você tem que se sustentar. Chegar em primeiro não é muito difícil, difícil é ficar em primeiro. Isso que a gente está procurando conversar com as pessoas, para melhorar tudo no clube.

Nova diretoria que chega ao clube
– Estou vendo boa vontade, conversei com o patrocinador (Celso Barros), conversei com o novo presidente (Peter Siemsen). Só existe uma saída, tem que crescer. Não pode chegar lá e não crescer. Por isso que o título foi muito importante. No futebol, você só convence as pessoas com vitória, não tem jeito. Agora, vão ter que crescer nisso (estrutura), se não crescer nisso, pode ter certeza de que o sucesso não continua.

Importância dos medalhões, mesmo fora de campo
– (No futebol) Existe o fora do campo, existe os bastidores, existe a concentração, e esses caras como o Deco e o Belletti são experientes, são ganhadores. Quando o cara é ganhador, é diferente. Eles melhoraram muito a condição psicólogica do nosso time.

Então o Deco e o Belleti, mesmo não jogando muito, foram importantes. Havia o conselho, a conversa. Os jogadores queriam encostar neles para saber como é o Barcelona, o Chelsea, como ganhavam tanto, qual era o caminho. Esses caras nos ajudaram muito, apesar de não terem jogado muito.

fonte: GLOBOESPORTE.COM


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