Ação da OGX despenca após relatório de reservas da D&M
As ações da OGX Petróleo e Gás despencavam nessa segunda-feira refletindo a decepção do mercado com o relatório da certificadora DeGolyer and MacNaughton (D&M) sobre as reservas da companhia, divulgado na sexta-feira.
Em poucos minutos após a abertura da Bovespa, o braço de petróleo do grupo EBX, do empresário Eike Batista, perdeu 16 por cento do seu valor, ou cerca de 10 bilhões de reais.
Aos poucos a queda foi sendo reduzida e por volta das 13h10 os papéis da companhia operavam em queda de 14,1 por cento, uma redução de cerca de 8 bilhões de reais em valor de mercado da empresa.
Desde antes da abertura da bolsa, relatórios negativos de analistas sobre os dados da D&M já circulavam no mercado, como os do BTG Pactual, Santander e Deutsche Bank, que revisaram para baixo o preço-alvo e a recomendação para a empresa.
Outros relatórios, como do Goldman Sachs e Itaú mantiveram as recomendações e preços das ações da companhia, com o Goldman inclusive ressaltando que os investidores devem utilizar o relatório da D&M apenas como mais um dado em um mosaico mais amplo.
“Ao considerar o seu âmbito e os pressupostos subjacentes, nós pensamos que o relatório D&M em geral acrescenta confiança para os nossos pressupostos”, afirmou o Goldman em relatório.
Em uma teleconferência para analistas no início da manhã, Eike Batista e o diretor-geral da OGX, Paulo Mendonça, defenderam os dados apresentados afirmando que a D&M “é a certificadora mais conservadora do mundo”.
“É hora das pessoas começarem a confiar na equipe da OGX”, afirmou Batista, que trouxe para sua equipe executivos da Petrobras, como Paulo Mendonça.
DADOS
De acordo com Mendonça, a certificadora não tem todas as informações que a OGX possui e por se tratar de uma área nova de exploração preferiu ser ainda mais conservadora.
“A cavidade vulcânica é desconhecida para todos, por isso eles tem cautela…mas depois deles testarem as descobertas vão mudar isso”, garantiu Mendonça.
Segundo do relatório, a OGX tem reservas portenciais de 10,8 bilhões de barris de óleo equivalente, alta de quase 60 por cento em relação à estimativa anterior, de 6,8 bilhões de boe feita em setembro de 2009. Os recursos contingentes, ou seja, os que mais se aproximam da realidade, ficaram em 3,1 bilhões de boe, em linha com o que o mercado esperava.
Analistas reclamaram durante a teleconferência da falta de informações mais precisas, e receberam de Batista a promessa de que pelo menos 4,3 bilhões de boe serão certificados até 2013.
“Até março de 2013 vamos certificar esses 4,3 bi (de boe)”, confirmou Mendonça, referindo-se aos volumes registrados pela D&M como contingentes somados aos recursos considerados como delineação, ou seja, que levam em consideração o limite geológico das estruturas encontradas.
Os recursos contingentes consideram premissas relacionadas à distância do poço, independente da não ocorrência de barreiras geológicas evidenciadas pela sísmica, explicou a OGX.
GÁS PARA NE
Os executivos da OGX afirmaram na teleconferência que a empresa pretende pedir a avaliação de mais certificadoras para o próximo relatório, mas não deram detalhes.
Eles informaram também que já foram perfurados 15 poços este ano e que o custo da perfuração está caindo dos cerca de 70 milhões de dólares por poço para 50 milhões de dólares.
Na bacia do Parnaíba (MA), sobre a qual Batista havia se referido como a descoberta de “meia-Bolivia”, a D&M reduziu as expectativas potenciais inicialmente divulgada pela empresa de 15 para 11 TCF de gás natural, mas acrescentou 100 milhões de barris de petróleo que eram desconhecidos.
“Estamos muito otimistas, sabíamos da quantidade de gás e vamos encontrar petróleo também”, disse Mendonça.
“Nós vamos inundar o Brasil com gás, vamos começar a distribuir gás, fazer pipeline (gasoduto) para as pessoas no Nordeste do Brasil”, complementou Batista.
O bilionário executivo já havia indicado na sexta-feira que ficou satisfeito com o relatório e, em função dele, iria rever a venda de ativos na bacia de Campos, anteriormente anunciada para 30 por cento do total.
A redução da venda para 10 por cento dos ativos levou o mercado a especular sobre a necessidade de agora a empresa ir a mercado para se capitalizar.
“Podemos emitir bônus, títulos, não queremos diluir acionistas…então acreditamos que isso (captar no mercado) seja uma boa alternativa”, disse Mendonça sem especificar o montante que será captado.
fonte: Denise Luna e Brian Ellsworth
Não encontrou o que queria? Pesquise abaixo no Google.
Para votar clique em quantas estrelas deseja para o artigo
Enviar postagem por email