Grande Prêmio do Cinema Brasileiro foi dominado por ‘Tropa de Elite 2’
“Tropa de elite 2”, o longa-metragem recordista de bilheteria do cinema nacional, foi o grande vencedor da 10ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, realizado na noite desta terça-feira (31) no Teatro João Caetano, Centro do Rio de Janeiro.
Dirigido por José Padilha, o filme concorreu em 16 das 27 categorias e teve “Chico Xavier”, também com 16 indicações, como seu maior rival.
A trama envolvendo o Capitão Nascimento acabou levando nove troféus, incluindo melhor diretor, melhor ator (Wagner Moura), melhor longa-metragem de ficção e melhor longa escolhido por voto popular. Já o filme de Daniel Filho foi melhor nas categorias de melhor maquiagem, melhor roteiro adaptado e melhor atriz coadjuvante (Cássia Kiss).
Ao fim da premiação, Padilha elogiou as demais produções concorrentes e disse nunca ter considerado “Tropa 2” uma barbada para este ano.
“Tivemos grandes filmes, difícil saber quem ia ganhar. E qualquer que fosse o vencedor, seria merecedor. Mas esses prêmios são coisas simbólicas, cinema não é uma corrida, com primeiro, segundo e terceiro lugares”, comentou o diretor, que subiu no palco seis vezes ao longo da noite para receber troféus.
“Muita gente que foi premiada não pôde vir [o ator Wagner Moura, o fotógrafo Lula Carvalho e o roteirista Bráulio Mantovani].
Fui pegar o prêmio pelos outros. Nunca tinha subido tantas vezes ao palco. Fiz uma ginástica. Foi bom”, brincou o diretor, se apressando em dizer que não pensa em rodar um terceiro filme da franquia.
Empate
Até metade da cerimônia, apresentada pelo humorista Bruno Mazzeo e pela atriz Fabíula Nascimento, “Chico Xavier”, “Quincas Berro D’Água” e “”Tropa de elite 2” disputavam a liderança troféu a troféu. Mas na hora dos prêmio principais, o filme de Padilha abriu vantagem.
A curiosidade ficou por conta do empate entre Caio Blat, de “As melhores coisas do mundo”, e Andre Mattos, de “Tropa 2”, na categoria melhor ator coadjuvante.
“Dividir o prêmio com o Caio, que é um ator maravilhoso, e ser finalista junto com Cassio Gabus Mendes [de ‘Chico Xavier’] alimenta a nossa alma. A gente vai para o próximo trabalho alimentado e feliz”, disse Andre, que termina em julho de filmar “Giovanni Improta”, longa dirigido por José Wilker e baseado no personagem criado pelo autor Aguinaldo Silva na novela “Senhora do destino”.
Homenagens
Lucy e Luiz Carlos Barreto foram os grandes homenageados da noite com o prêmio Eleonora de Martinio Salim pelos 50 anos dedicados ao cinema brasileiro.
“Acho que a academia devia ter feito um seguro de vida para um homem de 83 anos poder receber esta homenagem e sofrer esta emoção. Porque isso é sofrimento, mas também uma alegria enorme. E trouxe meus filhos junto. Somos a Família Titanic. Porque, se o cinema não der certo, vamos afundar”, disse o produtor, que relembrou a trajetória profissional desde os tempos de repórter fotográfico da revista “Cruzeiro”.
“O cinema americano não faz mais filme, faz videogame. Nós fazemos e continuaremos a fazer um cinema humanista. Chega de burocracia. Vamos fazer cinema e botar tudo na tela”, concluiu.
Vencedora da categoria de melhor atriz pelo trabalho em “Lula, o filho do Brasil”, Glória Pires classificou a noite como “especial, surpreendente e muito emocionante”, em parte ligado à família Barreto.
“É uma noite em que se homenageia Lucy e Luiz Carlos. Através deles, comecei no cinema. Além disso, aqui neste teatro, meu pai, o ator Antonio Carlos, foi velado. Ele é minha inspiração”, disse Glória, que dedicou o prêmio à pronta recuperação de Fábio Barreto, filho do casal, e diretor do longa — ele sofreu um acidente de carro em dezembro de 2009.
De pé
Outras duas figuras importantes do cinema nacional também seriam homenageadas: o maestro Remo Usai, compositor de trilhas de filmes como “Assalto ao trem pagador”, “Mandacaru vermelho”, “Kuarup” e a comédia “O trapalhão nas minas do Rei Salomão”; e a atriz, diretora e produtora Norma Bengell, que protagonizou o momento de maior emoção da noite. Depois de entrar no palco sentada em uma cadeira de rodas, pediu ajuda para levantar-se para receber o prêmio.
“Queria ficar de pé para agradecer a vocês. Alguém pode me ajudar? Vocês não sabem a felicidade que é estar aqui. Há oito meses não saía de casa. Muito obrigada”, disse Norma que, chorando, também foi aplaudida de pé.
Outro destaque da noite foi o documentário “Dzi Croquettes”, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez, que ganhou os prêmios de melhor longa-metragem documentário pelo voto popular e melhor montagem documentário.
As cerca de duas horas de premiação contaram também com uma apresentação da cantora Thalma de Freitas e com a participação dos músicos Pedro Sá e Domenico Lancellotti, que impsovisavam temas ao vivo como trilha sonora para os anúncios dos prêmios.
Confira a seguir a lista completa de premiados:
Melhor curta-metragem de animação: “Tempestade”, de Cesar Cabral
Melhor curta-metragem documentário: “Geral”, de Anna Azevedo
Melhor curta-metragem de ficção: “Recife frio”, de Kleber Mendonça Filho
Melhor longa-metragem estrangeiro: “O segredo dos teus olhos” (Argentina / Espanha), de Juan José Campanella
Melhor efeito visual: Darren Bell, Geoff D. E. Scott e Renato Tilhe, por “Nosso lar”
Melhor longa-metragem infantil: “Eu e meu guarda-chuva”, Toni Vanzolini
Melhor figurino: Kika Lopes, por “Quincas berro d’água”
Melhor maquiagem: Rose Verçosa, por “Chico Xavier”
Melhor direção de arte: Adrian Cooper, por “Quincas berro d’água”
Melhor som: Alessandro Laroca, Armando Torres Jr. e Leandro Lima, por “Tropa de elite 2”
Melhor trilha sonora: Guto Graça Mello, por “O homem que engarrafava nuvens”
Melhor trilha sonora original: Jaques Morelenbaum, por “Olhos azuis”
Melhor montagem ficção: Daniel Rezende, “Tropa de elite 2”
Melhor montagem documentário: Raphael Alvarez, por “Dzi croquetes”
Melhor fotografia: Lula Carvalho, por “Tropa de elite 2”
Melhor longa-metragem documentário: “O homem que engarrafava nuvens”, de Lírio Ferreira
Melhor atriz coadjuvante: Cassia Kiss, por “Chico Xavier”
Melhor ator coadjuvante: André Mattos, por “Tropa de elite 2”, e Caio Blat, por “As melhores coisas do mundo”
Melhor roteiro original: Braulio Mantovani e José Padilha, por “Tropa de elite 2”
Melhor roteiro adaptado: Marcos Bernstein, por “Chico Xavier”
Melhor atriz: Glória Pires, por “Lula, o filho do Brasil”
Melhor ator: Wagner Moura, por “Tropa de elite 2”
Melhor direção: José Padilha, por “Tropa de elite 2”
Melhor longa-metragem de ficção: “Tropa de elite 2”, de José Padilha
Voto popular – Melhor longa-metragem estrangeiro: “A rede social”, de David Fincher
Voto popular – Melhor longa-metragem documentário: “Dzi croquetes”, Tatiana Issa e Raphael Alvarez
Voto popular – Melhor longa-metragem nacional: “Tropa de elite 2”, de José Padilha
fonte: Henrique Porto
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