Professora que foi baleada por aluno vai passar por nova cirurgia em SP
A professora Rosileide Queirós Oliveira, de 38 anos, baleada por um aluno que se matou em seguida dentro da Escola Municipal Professora Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, no ABC, na quinta-feira (22), vai passar por uma nova cirurgia, segundo informou o Hospital das Clínicas de São Paulo na manhã nesta terça (27).
A Polícia Civil ainda não sabe por que Davi Mota Nogueira, de 10 anos, atirou na pedagoga e se suicidou. Ele era tido como bom aluno e nunca havia apresentado problemas. A investigação apura as hipóteses de tiro acidental, bullying e supostas ameaças para explicar a motivação do crime.
A previsão é que Rosileide tenha o joelho esquerdo operado na quarta-feira (28) pela equipe de ortopedia do HC. Quando foi atingida no quadril pelo disparo, ela caiu e fraturou a patela do joelho, que foi imobilizada no dia e agora terá de ser fixada.
Atualmente, Rosileide está internada em observação num quarto do hospital. Ela se recupera da cirurgia que retirou a bala que a feriu. Seu estado de saúde é estável. Ela não corre risco de morrer. Não há previsão de alta de quando será o dia que ela deixará o hospital.
Segundo funcionários do hospital ouvidos pelo G1, Rosileide soube da morte de Davi na segunda-feira (26).
Depois de ter visto um noticiário na TV sobre o caso, ela teria sido avisada por seus familiares que o estudante da 4ª série do ensino fundamental se matou. A equipe de reportagem não conseguiu localizar os familiares da educadora para confirmar a informação.
Depoimento da professora
A previsão da delegada Lucy Fernandes, titular do 3º Distrito Policial de São Caetano, é ouvir o depoimento da professora por volta das 10h de quinta-feira (29) dentro do HC, na capital paulista. A investigação quer saber se a pedagoga sofreu alguma ameaça de Davi.
O namorado de Rosileide, o funcionário público Luiz Eduardo Hayakawa, chegou a dizer à imprensa que nunca houve queixa dela contra o aluno.
Apesar disso, outros alunos chegaram a afirmar a psicólogos que estão prestando atendimento na escola e a funcionários da unidade educacional que Davi havia prometido matar a professora e se matar em seguida, o que levaria a hipótese de o crime ter sido premeditado.
Tiro acidental
Mas após depoimentos da diretora da escola, Márcia Gallo, essa tese de crime premeditado perdeu força. Também é investigada a hipótese de tiro acidental.
Ela afirmou à polícia que uma psicóloga lhe contou que um aluno confirmou que Davi queria dar um susto na professora, mas que a brincadeira saiu errada e ele acabou se matando com medo das consequências que sofreria dos pais.
Essa psicóloga e mais cinco alunos, incluindo o que teria contado sobre a brincadeira que deu errado, serão ouvidos pela delegada na própria escola durante a tarde de quarta. A psicóloga integra a equipe de especialistas mantidos na unidade para atender os alunos, seus pais e funcionários.
“Seria a hipótese mais plausível, por se tratar de um bom menino, sem problema com a professora. Dá a impressão de que o tiro pode ter sido acidental”, disse a delegada Lucy em entrevista coletiva na segunda.
Ela quer traçar um perfil psicológico do aluno. Um desenho que ele fez segurando duas armas ao lado de um professor é analisado.
Segundo Lucy, os depoimentos ouvidos até agora reforçam a ideia do bom comportamento de Davi.
“Não trabalho com a possibilidade de bullying ou que ele tenha sido vítima de outro tipo de violência”, afirmou.
Volta às aulas de branco
Na manhã de quarta está programada a retomada das aulas na escola Dantas Feijão em São Caetano. Os funcionários e professores estão recebendo atendimento psicológico para saber como receber os estudantes.
A sala onde houve o disparo permanecerá fechada. A ideia da direção é transformar o local num espaço de leitura e reflexão de paz com livros e gravuras.
Os alunos estão se mobilizando nas redes sociais para que todos compareçam de branco e levem rosas da mesma cor para homenagear Davi na quarta.
Ainda não há informações de algo mudará em relação à segurança da escola. Em princípio não haverá mudanças.
Na quinta passada, Davi havia entrado com a arma particular do seu pai escondida dentro da mochila, pediu para ir ao banheiro, retornou e disparou contra a pedagoga, que dava aula numa classe com mais de 20 alunos.
Depoimentos do pai e irmão de Davi
O pai de Davi, o guarda-civil municipal Milton Nogueira, de 42 anos, e o irmão do aluno morto, de 14 anos deverão ser ouvidos pela polícia na manhã de sexta-feira (30). O depoimento deverá ocorrer no 3º Distrito Policial de São Caetano.
Milton é dono do revólver calibre 38 usado pelo filho para atirar na professora e se matar em seguida.
Ele disse que guardava a arma num armário. O pai disse que havia sido a primeira vez que guardou a arma carregada com balas. Também já teria ensinado o filho a manusear a arma, explicando como fazia para tirar as balas.
“Mas sempre alertei que a arma só servia para matar”, chegou a dizer Milton aos jornalistas.
Milton poderá ser responsabilizado criminalmente por negligência por não ter conseguido impedir o filho de pegar o revólver que guardava em casa. Para o pai de Davi, o que ocorreu com a professora e seu filho foi uma fatalidade.
Em entrevista ao G1, o pai de Davi afirmou no domingo (25) que não tinha explicação para aquilo. “A gente nunca vai ter resposta”, havia dito.
fonte: Kleber Tomaz
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