Comandante do cruzeiro que naufragou na costa italiana é detido e interrogado
O comandante do Costa Concordia, navio que naufragou na noite desta sexta-feira na costa italiana, foi detido e interrogado pelo procurador-chefe da localidade, Francesco Verusio.
De acordo com o jornal italiano “Corriere Della Sera”, que ouviu o procurador, o comandante é acusado de abandonar o cruzeiro antes de dar ordens para a retirada dos passageiros da embarcação.
Segundo a publicação, por volta das 23h30, Schettino teria deixado o Costa Concordia enquanto a tripulação e passageiros que ainda não haviam sido resgatados aguardavam um sinal de evacuação.
Francesco Schettino foi ouvido por várias horas por Verusio, após o navio que pilotava e que transportava 4.229 pessoas ter naufragado a 500 metros da ilha de Giglio, na região da Toscana.
Outros membros da tripulação também serão ouvidos. Suas identidades, no entanto, não foram reveladas.
Até o momento, três pessoas morreram no acidente, dois turistas franceses e um peruano membro da tripulação. Entre 60 e 70 passageiros ainda estão desaparecidos, segundo informou o comandante Cosimo Nicastro, do Comando Geral da Guarda Litorânea da Itália.
Nicastro afirmou à imprensa no Porto Santo Stefano, o mais próximo à ilha de Giglio, que esses números ainda não são definitivos. Mergulhadores estão realizando buscas no interior da embarcação, que está inclinada a 80 graus e submergida a 30 metros de profundidade num banco de areia.
Brasileiros
O governo brasileiro informou na tarde deste sábado (14) que havia 53 brasileiros entre os 3.200 passageiros e 1.000 tripulantes do cruzeiro.
Os brasileiros são 47 passageiros e 6 tripulantes, segundo o Itamaraty, que cita informações do consulado brasileiro em Roma.
Por volta de 12h25, a empresa Costa Cruzeiros, dona do navio, havia informado que eram 46 passageiros brasileiros.
Um grupo de 26 brasileiros estão se dirigindo, de ônibus, para Milão, segundo o consulado brasileiro na cidade.
A empresa, por intermédio de sua assessoria de imprensa no Brasil, deixou disponíveis os seguintes números de telefone para informações: 55-11-2123-3673 e 55-11-2123-3679.
De acordo com autoridades italianas, o acidente deixou três pessoas mortas, 14 feridos e pelo menos 70 desaparecidos. Os mortos, segundo a imprensa italiana, que citou autoridades locais, seriam dois turistas franceses e um tripulante peruano.
O navio chocou-se contra uma rocha, encalhou em um banco de areia próximo à ilha de Giglio, na Toscana, região central da Itália, teve seu casco quebrado, virou e ficou parcialmente submerso. O acidente ocorreu a cerca de 40 quilômetros do continente.
As vítimas morreram afogadas. Os desaparecidos podem ter procurado abrigo com os moradores da ilha.
Segundo o Itamaraty, brasileiros que estavam entre os passageiros do navio da Costa Cruzeiros entraram em contato por telefone com o consulado do país em Roma.
Ainda não há informações sobre se haveria brasileiros entre os mortos, feridos ou desaparecidos, disse o Itamaraty.
O consulado em Roma está em contato com as autoridades italianas e vai prestar toda a assistência necessária aos brasileiros, informou o Itamaraty.
Segundo a imprensa local e testemunhas, a retirada dos passageiros e membros da tripulação do navio Costa Concordia apresentou complicações.
Muitos dos 3.200 passageiros e 1.023 tripulantes foram levados para o porto de Santo Stefano, no continente, onde estavam abrigados em escolas, igrejas e outros edifícios públicos.
A Defesa Civil montou uma grande tenda em que os náufragos eram identificados antes de serem levados, de ônibus, para hotéis da região.
Hora do jantar
Um dos passageiros do Costa Concordia disse à imprensa italiana que, por volta das 21h30 (18h30 no horário de Brasília), “todos estavam jantando quando a luz apagou, houve um tranco e os pratos caíram da mesa”.
Quando a luz voltou, o comandante do navio anunciou uma avaria no gerador elétrico e garantiu um conserto rápido, mas um vazamento de água se abriu no navio, que ficou inclinado.
A tripulação pediu que todos colocassem os coletes salva-vidas e logo veio a ordem para abandonar o navio, disse o passageiro.
Antes disso, muitos passageiros, apavorados, teriam se jogado na água, segundo testemunhas.
Outra passageira, a jornalista Mara Parmegiani, descreveu “cenas de pânico dignas do ‘Titanic'”, com empurrões entre os passageiros, gritos e choro.
Ela também denunciou o que considerou a falta de preparação da tripulação, afirmando que houve problemas quando os botes salva-vidas foram lançados ao mar e que alguns coletes salva-vidas não funcionaram.
Unidades da Guarda Costeira, navios mercantes e ferrys garantiram a evacuação dos passageiros e tripulantes.
No total, 12 navios e 9 helicópteros foram mobilizados para verificar se não há ninguém no mar, segundo o porta-voz da capitania de Livorno, Emilio Del Santos.
Mergulhadores estavam no navio procurando eventuais corpos de pessoas que podem ter ficado presas.
Causas desconhecidas
A Costa Cruzeiros, dona do barco, se declarou “consternada” e expressou seus pêsames às famílias. Indicou que não é possível determinar de imediato as causas do acidente e assegurou que a retirada foi rápida, apesar de difícil, já que estava entrando muita água no barco.
O navio, que partiu na sexta de Civitavecchia, na região de Roma, faria um cruzeiro de uma semana pelo Mar Mediterrâneo com escalas programadas pelas cidades de Savona, Marselha, Barcelona, Palma de Mallorca, Cagliari e Palermo, informou a assessoria de imprensa da matriz da empresa.
O Costa Concordia, de 290 metros, tem 58 quartos com suíte e balcão, cinco restaurantes, 13 bares e quatro piscinas.
O site da operadora aparentemente entrou em colapso diante do volume de acessos, mas a empresa pôs à disposição uma linha telefônica para responder aos pedidos de informação.
A capitania do porto de Livorno, o maior da Toscana, anunciou a abertura de uma investigação sobre a causa do acidente e como os passageiros foram resgatados. A Costa informou que vai cooperar plenamente com as autoridades.
Leia íntegra da nota da assessoria:
“O Grupo Costa confirma a evacuação de cerca de 3.200 passageiros e 1.000 tripulantes a bordo do navio Costa Concórdia, próximo da Ilha de Giglio, na Itália.
A evacuação começou imediatamente, porém a posição do navio está dificultando a finalização do processo.
Até o momento, não é possível determinar as razões do problema ocorrido.
A companhia trabalha com o compromisso de prover a assistência necessária.
O Costa Concórdia navegava pelo Mar Mediterrâneo, depois de zarpar de Civitavecchia e com escalas programadas por Savona, Marselha, Barcelona, Palma de Mallorca, Cagliari e Palermo.
Cerca de 1.000 passageiros têm nacionalidade italiana, enquanto cerca de 500 são alemães e 160 franceses.
Entre os hóspedes estavam 46 brasileiros.
A empresa disponibilizou os seguintes números de telefone para informações: 55 11 2123-3673 e 55 11 2123-3679.”
fonte: G1
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