Com criminalidade em baixa, governo de Nova York começa a vender seus presídios
Vende-se uma propriedade, no Vale do Hudson, com garagem para 16 carros, um celeiro para porcos e centenas de metros do lago. Outra, também a venda, conta com 69 hectares à beira-mar na costa oeste de Staten Island, um ginásio de dois andares, campo de beisebol e um pavilhão ao ar livre.
Em comum, além das enormes dimensões, os dois anúncios indicam uma nova tendência do governo de Nova York: depois de cortar custos pelos meios tradicionais, como o congelamento de salários, o governador Andrew Cuomo está embarcando em um esforço menos convencional: vender suas antigas prisões.
Graças às menores taxas de criminalidade, aos novos programas que permitem a libertação antecipada de infratores não-violentos e ao desmantelamento das leis rígidas contra as drogas, o estado tem um excesso de vagas penitenciárias.
A situação em Nova York, reflete a mudança de atitudes nacionais para a política de justiça criminal: o número de presos em todo o país caiu em 2009 e 2010, pela primeira vez em pelo menos três décadas, segundo o Departamento Federal de Estatísticas da Justiça.
Antecessor a Cuomo, o governador David Paterson já havia fechado três prisões quando começou a enfrentar problemas orçamentários.
Em seu primeiro discurso na Assembleia Legislativa, Cuomo declarou que as prisões não eram “um programa de emprego” e anunciou o fechamento de sete prisões estaduais das 67 restantes, removendo 3.800 camas penitenciárias do estado.
No ano passado, Cuomo formou a primeira equipe para o fechamento das unidades prisionais, composta por comissários que se reúnem semanalmente para ir de propriedade em propriedade buscar o que mais que pode ser vendido.
“Em vez de gastar milhões com a manutenção de instalações que não precisamos, salvamos milhões de contribuintes e abrimos novas oportunidades de investimento em comunidades em todo o estado”, disse Howard B. Glaser, diretor da operação.
Entre as facilidades para funcionários, a equipe está considerando vender 23 residências estatais para superintendentes de prisão.
Algumas bastante generosas: uma mansão em Auburn, a ser leiloada neste verão, tem 8.850 metros quadrados, oito quartos, seis banheiros, um jardim pequeno e uma garagem do tamanho de um celeiro.
Mas uma penitenciária é, de longe, o imóvel mais difícil a ser vendido no mercado. Algumas são muito caras para serem mantidas ou demolidas; outras estão em áreas rurais, onde o valor imobiliário é muito baixo:
“É um edifício inteiro estático. Quem quer comprar uma prisão, você conhece?” questiona Harold Vroman, presidente do conselho de supervisores em Schoharie County, onde Cuomo desligou no ano passado uma penitenciária de segurança mínima com 100 leitos.
“A única possibilidade seria usar o terreno para o próprio governo ou para militares”, opina Fred Macchia, corretor imobiliário em Roma. “Não se pode construir um hotel, nem um complexo de apartamentos. Seriam necessários milhões de dólares para a obra. Quem vai fazer isso? O Estado não vai. Eles estão tentando se livrar delas”.
fonte: O Globo Com New York Times
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