Campus da USP de Ribeirão Preto é infestado por carrapatos

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Há seis meses o engenheiro Claudimar Celotto, 40 anos, foi obrigado a cancelar as partidas de tênis com os amigos. A quadra de esportes na USP de Ribeirão Preto (SP) foi interditada por uma infestação de carrapatos.

Os parasitas mudaram a rotina no campus e restringiram o acesso de alunos, professores e visitantes não só ao Centro de Educação Física e Esportes, mas ao redor do lago e em áreas próximas ao córrego Laureano, que corta toda a extensão da USP.

“Essa história vem desde o começo do ano e quando chegar dezembro vai continuar nesse impasse. Não tem o que fazer”, disse Celotto, que substituiu o tênis pelas pedaladas nas alamedas da universidade, da qual é vizinho. “A gente faz tudo com restrição.”

A biomédica e técnica em segurança do trabalho Ana Paula Miranda explicou que o registro de carrapatos na USP de Ribeirão está relacionado à presença de hospedeiros desses parasitas, como a capivara.

A Coordenadoria do Campus não soube informar quantos animais da espécie vivem no lugar, mas estima que pelo menos cinco bandos circulem na área rural do município, onde está a universidade que possui 574 hectares – ou o equivalente a 5 milhões de metros quadrados, área quase duas vezes maior que os 364 hectares do campus da USP na capital paulista.

O risco que os carrapatos oferecem aos humanos é a transmissão da febre maculosa, que se não for tratada rapidamente pode levar à morte. Também conhecida como febre do carrapato, a doença pode ser transmitida para homens e animais por diferentes espécies do parasita, em especial o carrapato-estrela, que é encontrado na USP de Ribeirão.

Ana Paula afirmou que nessa época do ano o perigo é maior porque a visualização dos ácaros é mais difícil, uma vez que eles estão nas fases de larva e ninfa.

“Essas duas fases vão de abril a outubro e favorecem o parasitismo, ou seja, grudar na pele. Isso acontece porque eles estão muito pequenos e vão ficar picando a pessoa sem ela perceber.”

Foi o que aconteceu com uma amiga da estudante de farmácia Ana Carolina de Souza, 23. A jovem contou que passou a evitar as áreas gramadas após ouvir o relato da colega.

“Ela encontrou o bichinho grudado na perna durante o banho. Talvez ele tenha subido nela no estacionamento da faculdade, onde tem grama”, disse.

Nem todas as pessoas picadas, porém, são infectadas. Segundo a biomédica Ana Paula, apenas 1% dos carrapatos em locais com transmissão da febre maculosa possui a bactéria causadora da doença. Em áreas como o Campus da USP, que não registrou casos de contaminação, o índice é menor.

“Aqui nunca foi encontrado um carrapato contaminado. Tem carrapato, mas não tem transmissão.”

Controle
Para orientar os usuários do campus, a USP distribuiu placas informando sobre a infestação. Em nota, a Coordenadoria informou que também está cortando a grama bem rente ao solo, para expor os carrapatos ao sol e tornar o ambiente menos propício à proliferação.

A Coordenadoria afirmou que orienta alunos, professores e visitantes para transitarem apenas nas calçadas e não levarem animais domésticos para passear no campus.

Especialistas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP de Piracicaba também estão trabalhando no mapeamento e controle dos parasitas.

fonte: Adriano Oliveira


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