Advogado de defesa diz que Bruno está muito chocado com a morte do seu primo, Sérgio
O advogado Francisco Simin, um dos defensores de Bruno Fernandes, esteve na Penitenciária Nelson Hungria, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na manhã desta quinta-feira (23), para visitar o cliente e dar a notícia da morte de Sérgio Rosa Sales, primo do jogador.
“Bruno está muito chocado com a morte do Sérgio”, disse. Sales, assim como o goleiro, também era réu no processo que investiga o desaparecimento e a morte de Eliza Samudio, ex-amante do jogador, foi encontrado morto com seis tiros na manhã desta quarta-feira (22), no bairro Minaslândia, na Região Norte de Belo Horizonte.
Francisco Simin falou com Bruno no parlatório da penitenciária entre 8h30 e 9h30 desta quinta-feira (23).
“Ele ficou muito sentido, abatido”, relatou o advogado. Perguntado se o cliente se pronunciou sobre a relação da morte do primo com o caso Eliza Samudio, o defensor do goleiro informou ao G1 que tanto Bruno quanto a defesa dele acham que a morte de Sérgio é um “caso isolado”.
“Sérgio era um rapaz direito, um rapaz bom, não usava drogas, estava trabalhando”, completou Simin. “Com relação ao Bruno, entendemos que não tem ligação nenhuma”, completou.
Enterro
O corpo de Sérgio Rosa Sales foi enterrado no Cemitério da Saudade, na Região Leste de Belo Horizonte, por volta das 11h desta quinta-feira (23). Parentes se emocionaram durante o sepultamento e não quiseram dar declarações. A avó de Sales e do goleiro, Estela Souza, acompanhou o enterro.
Investigação
Nesta quinta-feira (23), a Polícia Civil informou que um inquérito foi aberto e está em fase de levantamentos preliminares. Não há até o momento informações sobre quem teria cometido a execução.
O delegado Frederico Abelha assumiu o caso. Segundo ele, todas as possíveis causas do assassinato estão sendo investigadas, inclusive queima de arquivo. Ainda conforme o delegado, será apurada também uma informação sobre uma possível briga envolvendo o jovem, em uma partida de futebol, um dia antes do crime.
Com o assassinato, as acusações contra Sales no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio se tornam sem efeito, isto é, são extintas, segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
O promotor responsável pelo processo, Henry Wagner Vasconcelos Castro, titular da 14ª Promotoria do Tribunal do Júri de Contagem, não se pronunciou sobre o assassinato de um dos réus.
O delegado Breno Pardini, que investiga a morte de Sérgio Rosa Sales, disse que o crime foi uma execução. “Ele foi executado”, falou o delegado no local da morte.
Segundo ele, a vítima tomou o primeiro tiro antes de chegar ao local onde ele foi encontrado morto, e a execução aconteceu na entrada da casa onde o primo do goleiro tentava se esconder. Agora, segundo Pardini, a investigação deve refazer os passos de Sales nos últimos dias.
O delegado ainda afirmou que é muito precipitado ligar a morte de Sales ao processo que investiga o desaparecimento de Eliza Samudio.
O delegado chefe do Departamento de Investigações de Belo Horizonte, Wagner Pinto, disse nesta quarta-feira (22) que a motivação de o crime ser uma queima de arquivo é uma das trabalhadas na investigação.
“A hipótese de crime por queima de arquivo ganha força. Sérgio prestou informações relevantes para o esclarecimento da autoria do assassinato de Eliza Samudio”, disse o delegado.
Na fase de inquérito sobre o desaparecimento e morte de Eliza, Sales e outro primo do goleiro Bruno – Jorge Luiz Rosa, 19 anos – contribuíram com informações à polícia. Segundo a investigação, eles estiveram com Eliza no sítio do jogador, em Esmeraldas (MG).
Atualmente, Rosa cumpre medida socioeducativa, pois foi apreendido quando ainda era adolescente.
Segundo o pai de Sérgio Sales, ele não era ameaçado. “Ele não estava sendo ameaçado, ele era amigo de todo mundo”, disse o pai da vítima, Carlos Alberto Sales, no local do crime nesta quarta-feira (22).
O crime
Segundo a PM, ainda não há dados sobre motivação, mas informações iniciais dão conta de que Sales estava saindo de casa para trabalhar quando foi perseguido por dois homens em uma motocicleta.
Ele teria tentado se esconder em uma casa quando foi morto. O local é próximo à casa da vítima. A PM disse que o primo do goleiro Bruno foi atingido por seis tiros, entre eles, no rosto, na barriga e na mão.
“Pelo número de disparos, a tentativa era de execução”, disse o sargento da Polícia Militar (PM), Célio José de Oliveira.
Sales ganhou liberdade no dia 10 de agosto de 2011, quando a Justiça decidiu pela soltura provisória do réu. De acordo com o desembargador Doorgal Andrada, Sales não apresentava capacidade de influenciar testemunhas, não tinha poder aquisitivo e colaborava com as investigações.
À época, o advogado de Sales, Marco Antônio Siqueira, disse que sempre esperou que seu cliente fosse solto. Para ele, o primo do goleiro era uma testemunha do crime.
Nesta quarta-feira, até o fechamento desta reportagem, o defensor não foi encontrado para comentar sobre o assassinato.
Já o advogado Rui Pimenta, um dos defensores de Bruno Fernandes, afirmou na tarde desta quarta-feira (22) que não acredita que a morte do primo do goleiro esteja relacionada ao caso Eliza Samudio. “Acho que foi um fato isolado, acho que não tem nada a ver com o processo”, declarou.
Caso Eliza Samudio
O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus foram pronunciados a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. Para a polícia, Eliza foi morta em junho de 2010 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado.
Após um relacionamento com o goleiro Bruno, Eliza deu à luz um menino em fevereiro de 2010. Ela alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o menino mora com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.
O goleiro e o amigo Luiz Henrique Romão vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
A Justiça havia atribuído as mesmas acusações a Sérgio Rosa Sales, mas ele respondia o processo em liberdade desde 2008. Já o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), não há previsão de data para o julgamento do caso Eliza Samudio.
fonte: Fernanda Brescia, G1
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