Caso Yoki: Existem divergências entre laudo do IML e versão de Elize
A morte do empresário Marcos Kitano Matsunaga, em maio deste ano, permanece envolta em dúvidas de como a mulher dele, Elize Matsunaga, agiu e os motivos que a levaram a assassinar e esquartejar o próprio marido.
A correspondência – ou a falta dela – entre as provas periciais e palavra da ré confessa do crime é um dos principais obstáculos para a investigação e pode ser decisiva para o julgamento.
O homicídio ocorreu na cobertura triplex do casal, na Vila Leopoldina, bairro nobre da zona oeste de São Paulo, na noite de 19 de maio, mas o empresário só foi encontrado uma semana depois, esquartejado, em uma estrada de Cotia, na Grande SP.
Elize teve sua prisão temporária decretada pela Justiça em 4 de junho e confessou o crime dois dias depois, data em que fez a reconstituição dos fatos.
A versão mostrada por Elize com os indícios encontrados pela perícia do caso, no entanto, apresentam várias divergências, que devem ser alvo de debate no processo judicial. Veja as principais diferenças entre as versões do crime:
Posição do tiro
“Apontei a arma pra ele (…), aí ele começou a falar que eu não tinha coragem pra fazer isso, enfim, e continuou vindo”, relatou Elize à polícia durante a reconstituição, conforme imagens obtidas pelo Fantástico.
“Ele te olhou olho no olho?”, perguntou o perito. “Foi”, respondeu a ré. “E aí você atirou nele nesse momento?”. “É”, respondeu ela. Pela versão da ré, o tiro foi dado frontalmente, e a altura da mão que apertou o gatilho, em relação ao chão, era similar à do alvo.
Entretanto, conforme constatou a perícia, o tiro que matou Matsunaga foi dado pelo lado esquerdo do crânio, não de frente. Além disso, segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML), o tiro foi dado de cima para baixo, diferentemente da versão apresentada por Elize.
Distância do tiro
O crime ocorreu no corredor, na entrada do apartamento; este é o local apontado por Elize e também pela perícia. No entanto, a ré afirmou ter discutido à distância com o marido e atirado antes de ele conseguir se aproximar – a uma distância de 1,94 m, segundo a medição dos peritos.
O laudo do IML, porém, apontou que o tiro foi dado a curtíssima distância. Isso porque havia, na pele do crânio da vítima, uma área chamuscada ao redor do orifício do tiro, o que indica queimadura por causa da explosão da pólvora.
Além disso, para a promotoria, um tiro muito próximo pode significar falta de oportunidade para Matsunaga se defender – o que configura um agravante do crime.
Decapitação e esquartejamento
Após acertar o tiro no marido, Elize contou ter arrastado o corpo até um quarto de hóspedes da casa – o que é confirmado pelos resultados dos testes periciais com luminol (um reagente que detecta vestígios de sangue).
Depois, a ré esquartejou o marido com uma faca de cozinha e alocou as partes em sacos plásticos. A divergência se dá com relação ao horário que isso ocorreu.
Elize afirmou à polícia ter esperado cerca de dez horas, até o amanhecer, para cortar o corpo da vítima. Com conhecimentos de enfermaria, ela sabia que fazer isso antes da coagulação do sangue provocaria um derramamento no quarto.
A perícia realizada no aposento não encontrou mais do que poucos sinais de sangue – o que depõe a favor do relato de Elize.
A perícia no corpo do empresário, contudo, apontou asfixia como causa mortis, além do traumatismo craniano causado pelo projétil.
Nesta versão, a passagem de ar teria sido obstruída por sangue, resultado da decapitação enquanto a vítima ainda respirava. A disputa de versões nesse ponto também será fundamental para qualificar o homicídio – indícios de crueldade são um agravante da pena aplicada.
O caso
Executivo da Yoki, Marcos Kitano Matsunaga, 42 anos, foi considerado desaparecido em 20 de maio. Sete dias depois, partes do corpo foram encontradas em Cotia, na Grande São Paulo.
Segundo apuração inicial, o empresário foi assassinado com um tiro e depois esquartejado. Principal suspeita de ter praticado o crime, a mulher dele, a bacharel em Direito e técnica em enfermagem Elize Araújo Kitano Matsunaga, 38 anos, teve a prisão temporária decretada pela Justiça no dia 4 de junho.
Ela e Matsunaga eram casados há três anos e têm uma filha de 1 ano. O empresário era pai também de um filho de 3 anos, fruto de relacionamento anterior.
De acordo com as investigações, no dia 19 de maio, a vítima entrou no apartamento do casal, na zona oeste da capital paulista e, a partir daí, as câmeras do prédio não mais registram a sua saída. No dia seguinte, a mulher aparece saindo do edifício com malas e, quando retornou, estava sem a bagagem.
Durante perícia no apartamento, foram encontrados sacos da mesma cor dos utilizados para colocar as partes do corpo esquartejado do executivo.
Além disso, Elize doou três armas do marido à Guarda Civil Metropolitana de São Paulo antes de ser presa. Uma das armas tinha calibre 380, o mesmo do tiro que matou o empresário.
Em depoimento dois dias depois de ser presa, Elize confessou ter matado e esquartejado o marido em um banheiro do apartamento do casal. Ela disse ter descoberto uma traição do empresário e que, durante uma discussão, foi agredida.
A mulher ressaltou ter agido sozinha. No dia 19 de junho, o juiz Adilson Paukoski Simoni, da 5ª Vara do Júri no Fórum da Barra Funda, aceitou a denúncia do Ministério Público de São Paulo e decretou a prisão preventiva da acusada.
fonte: Terra
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