Arqueólogos descobrem “Pompeia britânica” em vilarejo destruído em incêndio
Local foi descoberto na Inglaterra após meses de escavações e guarda utensílios domésticos usados há pelo menos 3 mil anos
Um vilarejo da Idade do Bronze (3.300 a.C. – por volta de 1.000 a.C.), apelidado de “Pompeia Britânica”, foi descoberto por arqueólogos da região de Cambridgeshire, no leste do Reino Unido. O assentamento, construído majoritariamente de madeira, teria sido destruído por um incêndio apenas meses depois de sua construção – ao contrário da cidade romana de Pompeia, atingida pela erupção de um vulcão em 79 d.C.
Arqueólogos dizem que o sítio, batizado de Must Farm, oferece detalhes surpreendentes da vida cotidiana no período. Durante 10 meses de escavações, pesquisadores encontraram evidências da fabricação de tecidos finos, bem como a existência de hábitos alimentares variados e uma vasta rede de comércio.
Os arqueólogos encontraram restos de pelo menos cinco casas circulares construídas sobre palafitas – a região do assentamento fica em uma área pantanosa. David Gibson, da Universidade de Cambridge, disse que o sítio permitiu que os arqueólogos praticamente “visitassem a vida na Idade do Bronze”.
“A atividade doméstica é demonstrada desde o vestuário até móveis e dietas. Temos o que podemos chamar de casas completas”, explicou. As escavações revelaram que:
1- Os habitantes da “Pompeia britânica” eram capazes de produzir tecidos de alta qualidade, como o linho. Algumas das amostras estão entre as melhores já encontradas em assentamentos europeus da Idade do Bronze.
2- Restos mortais de animais sugerem que os habitantes comiam carne de javali, veado, vaca e peixe. Os arqueólogos também encontraram vestígios do consumo de mingau de grãos, algumas vezes em estado de preservação extraordinário (ainda nas tigelas em que foram servidos, por exemplo).
3- Mesmo há 3 mil anos as pessoas pareciam ter um monte de pertences. Cada casa era equipada com potes de diferentes tamanhos, baldes e pratos de madeira, ferramentas de metal, pilões, armas, tecidos e contas de vidro – essas últimas, segundo os arqueólogos, eram de origem do Mediterrâneo ou do Oriente Médio e podem ter formado colares.
Usando testes que incluíam a análise da idade da madeira usada nas estruturas, os arqueólogos sugerem que as casas eram novas, tendo sido construídas apenas meses antes do incêndio.
Duncan Wilson, diretor-executivo da ONG Historic England, disse que o achado deverá transformar o conhecimento sobre a Idade do Bronze no Reino Unido. “Temos uma extraordinária janela para ver como as pessoas viviam há 3 mil anos. Must Farm está desafiando uma série de percepções há muito tempo estabelecidas.”
Fonte: Último Segundo/Mundo/BBC BRASIL
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