De 84 a 2010: o buraco negro na história do Fluminense no Brasileiro
Uma fila de espera de 26 anos. Além da angústia natural para poder soltar o grito de campeão brasileiro, os torcedores do Fluminense precisaram de força para suportar, em certo momento, a maior crise da história do clube.
De 1984, quando conquistou o Nacional, até 2010, ano do bicampeonato, foram momentos tristes que apagaram até algumas disputas de semifinais como em 88, 91, 95, 2001 e 2002, além de outras boas participações.
Tudo começou em 1996, com o rebaixamento e a virada de mesa após escândalo envolvendo o então diretor da Comissão Nacional de Arbitragens (Conaf), Ivens Mendes. A sobrevida nos bastidores, porém, durou apenas um ano. Rebaixado novamente em 1997, o Tricolor caiu de novo em 1998, mas desta vez para a Terceira Divisão.
A ajuda, então, veio de nomes já consagrados. O técnico Carlos Alberto Parreira, campeão Mundial com a Seleção em 1994, assumiu a equipe e chegou a tirar dinheiro do próprio bolso para melhorar a estrutura oferecida aos jogadores nas Laranjeiras.
– Eu e o Américo (Faria) ajudamos em algumas coisas, como comprar sofá, e em outras situações que o clube precisava. Mas não colocamos dinheiro para comprar jogadores, nem nada disso. Mas depois fomos ressarcidos em tudo que gastamos. O clube conseguiu dinheiro para os problemas maiores porque a TV adiantou o pagamento dos direitos de transmissão – lembrou Parreira.
Para o volante Marcão, que conquistou os Estaduais de 2002 e 2005 pelo clube, o título da Série C foi fundamental para a reestruturação do clube. De acordo com o volante, o maior problema, naquela época, era em relação às condições de trabalho.
– Na verdade era a parte estrutural, a organização. Encontramos dificuldade grande também porque era o time da vez. Todos que jogavam contra o Fluminense queriam fazer o máximo para aparecer na TV. Era uma pressão grande, mas o grupo era forte e focado, assim como é esse agora. Apesar das dificuldades, com luta e empenho acho que colocamos um tijolinho que hoje eles (atuais jogadores) vão completar com o titulo.
Com a conquista em 1999, o time voltou a figurar na elite do futebol brasileiro em 2000. Convidado para participar do módulo azul, a Primeira Divisão da Copa João Havelange, sua participação foi questionada pelo fato de não ter passado pela Série B.
Com a terceira posição na primeira fase, avançou às oitavas de final, mas foi eliminado pelo São Caetano, no Maracanã. No ano seguinte, permaneceu na Série A. E Marcão lembra que foi alvo até de algumas provocações pelos torcedores rivais.
– Vou ser sincero: nós tivemos uma conquista importante nos bastidores. Mas eu tinha certeza que disputaríamos da melhor maneira (a Série B), e com aquele pensamento e estrutura, o time subiria. O mais importante é que aquele time provou que merece estar ali. Isso que é o fundamental. O torcedor age da maneira dele.
Além de ter vestido a camisa do clube, Marcão é torcedor do Fluminense e nunca escondeu a paixão pelo time. E ele destaca a importância da volta ao cenário nacional para atrair novos tricolores.
– Hoje você vê um torcedor com imenso orgulho de vestir a camisa. Antigamente não via essa febre toda. Hoje os atletas querem jogar no Fluminense. Espero que agora o clube possa de vez voltar para o cenário. Estava na hora de colocar mais uma estrelinha no peito.
fonte: Diego Rodrigues
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