João Paulo II é beatificado no Vaticano
Em uma cerimônia solene na presença de mais de 1 milhão de pessoas que lotaram a praça de São Pedro, segundo a polícia romana, o Papa Bento XVI proclamou beato o seu antecessor, João Paulo II (1920-2005), neste domingo (1º).
A cerimônia teve início às 10 horas no horário local (5h de Brasília), pelo papa e outros 800 sacerdotes presentes. Com um cálice e mitra que foram usados nos últimos anos de pontificado de João Paulo II e com uma vestimenta que também pertenceu a seu antecessor, Bento XVI abriu a cerimônia com uma saudação em latim, que foi traduzida simultaneamente em espanhol, francês, português, francês, inglês, alemão e polonês pela Rádio Vaticano.
Um cardeal leu um texto sobre a vida do pontífice, morto em 2005, após 27 anos de papado. Foram destacadas virtudes de João Paulo II, como seus dotes intelectuais, morais e espirituais.
Após a leitura, ocorreu o principal momento da cerimônia, em que foi descerrado um retrato de João Paulo II, a partir de então denominado beato. “Concedemos que o venerado servo de Deus João Paulo II, Papa, seja de agora em diante chamado beato”, proclamou Bento XVI.
A data escolhida para a veneração do papa foi 22 de outubro, dia da primeira missa do seu pontificado.
Muitos aplausos e gritos de “Santo subito” (Santo já), como no dia do funeral de João Paulo II, foram ouvidos na praça, repleta de pessoas que exibiam bandeiras de muitos países, entre elas a polonesa e a brasileira.
A freira francesa irmã Marie Simon-Pierre Normand – cuja a cura do mal de Parkinson, a mesma doença degenerativa do papa, em junho de 2005, é tida como a primeira graça de João Paulo II- levou ao altar uma ampola contendo sangue do Papa, enquanto outra religiosa que o acompanhou durante o papado, levou algumas de suas relíquias.
O Papa polonês, nomeado Sumo Pontífice em 1978, faleceu em 2 de abril de 2005 aos 84 anos.
A beatificação é a etapa anterior à canonização e aconteceu em tempo recorde.
Desde as primeiras horas da madrugada milhares de fiéis, entre eles poloneses, espanhóis, italianos, franceses e latino-americanos, fizeram fila para entrar no local.
Os primeiros que entraram fizeram-no na adjacente Via da Conciliação e durante a madrugada se abriram as entradas à Praça de São Pedro.
O idioma que mais se escutava era o polonês, já que milhares deles assistem à beatificação do primeiro papa polonês da história.
A beatificação de João Paulo II é uma das maiores da história da Igreja, já que, segundo o governador regional de Roma, Giuseppe Pecoraro, assistem mais de um milhão de pessoas.
Também é um evento histórico sem precedentes, já que nos últimos mil anos da Igreja Católica nenhum papa proclamou seu antecessor como beato, como ocorrerá neste domingo.
Vigília
Em uma noite que lembrava as grandes vigílias presididas por João Paulo II, cerca de 200 mil pessoas se reuniram neste sábado no Circo Máximo de Roma para homenagear o papa Karol Wojtyla, que neste domingo será proclamado beato.
“Ele já era santo em vida”, afirmou emocionado Joaquín Navarro Valls, o espanhol que durante 22 anos foi seu porta-voz e que neste sábado, ao lado do antigo secretário particular Stanislaw Dziwisz, homenageou Wojtyla junto a dezenas de milhares de fiéis de vários países.
A vigília começou com um vídeo do ano 2000 de João Paulo II durante a Jornada Mundial da Juventude de Roma e prosseguiu com o canto de “Jesus Christ you are my life”, interpretado pelo Coro de da Diocese de Roma e da Orquestra do Conservatório de Santa Cecilia
Em seguida, foi feita uma conexão com cinco santuários aos quais o papa era muito ligado: o de Nossa Senhora de Guadalupe, no México; Fátima em Portugal; Lagniewniki na Polônia, Kawekamo-Bugando na Tanzânia e Notre Dame do Líbano.
“Se vê, se sente, o papa está presente”, cantaram os milhares de fiéis reunidos no santuário mexicano.
A vigília foi dividida em duas partes. A primeira, a “Celebração da Memória”, começou com uma procissão de 30 jovens romanos com tochas que homenagearam a imagem de Maria Salus Populi Romani, a patrona de Roma, presente no ato, seguida pelos discursos de Navarro Valls, Marie Simon Pierre e Dziwisz.
A segunda parte foi a “Celebração dos Mistérios Luminosos do Santo Rosário”, que foram introduzidos por João Paulo II durante seu Pontificado. O rosário foi recitado em conexão direta com os santuários aos quais Wojtyla era relacionado.
Em Guadalupe as orações foram pela esperança e a paz dos povos, em Fátima, pela Igreja; em Lagniewniki, pelos jovens; em Kawekamo-Bugando, pela família; e em Notre Dame do Líbano, pela evangelização.
fonte: G1, com agências internacionais
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