Por que alguns terremotos são mais devastadores mesmo quando mais fracos?

Por que alguns terremotos são mais devastadores mesmo quando mais fracos?

Por que alguns terremotos são mais devastadores mesmo quando mais fracos?

Enquanto terremoto do Equador deixou mais de 230 mortos, no Chile, com tremor ainda mais forte, apenas seis morreram

Um terremoto de magnitude 7,8 atingiu o Equador na noite deste sábado, matando até agora mais de 230 pessoas, segundo presidente Rafael Correa, e ferindo pelo menos 500. O total de vítimas surpreende em uma comparação com o sismo que há dois anos atingiu o Chile: apesar da magnitude de 8,2, apenas seis pessoas morreram.

Como podem terremotos de forças similares ter consequências tão diferentes?

Parte da respostas, obviamente, tem a ver com o diferente nível de riqueza dos países e os padrões usados na construção civil – o que ajuda a explicar, por exemplo, como os terremotos de magnitude 7,3 e 7,7 que atingiram o Nepal no ano passado resultaram em mais de 8 mil mortos e arrasaram cidades inteiras, algo bem diferente do que ocorreu no Chile.

Construção
Os chilenos, porém, tomaram medidas rigorosas para futuras tragédias depois que um tremor de magnitude 9,5 matou mais de 5 mil pessoas, em 1960. A reconstrução levou em conta uma arquitetura que permitisse edifícios mais resistentes a tremores. No Equador e no Nepal, poucas construções levam isso em conta.

O terremoto que atingiu o Equador foi o maior desde 1979 e ocorreu perto da cidade de Muisne, no norte do país. Segundo as autoridades, o total de mortos e feridos deve aumentar. O presidente do país, Rafael Correa, decretou estado de emergência.

Mas dinheiro e códigos de construção são apenas parte da história. A geologia também é um fator. O Nepal, por exemplo, está localizado em uma chamada zona de colisão continental, em que a Índia se choca com a Ásia.

E essa falha geológica está bem escondida: a maior parte dela está enterrada em grande profundidade e as rupturas superficiais se veem rapidamente cobertas pela floresta e sedimentos de deslizamentos de terra provocados pelas chuvas de monção que caem na região.

As placas tectônicas avançam a uma velocidade de 4,5 cm por ano, o que separa os grandes terremotos no Nepal por décadas.

A falha chilena, em contraste, é bastante evidente: uma impressionante e gigantesca fossa que faz o solo do Oceano Pacífico entrar embaixo da América do Sul a uma velocidade de quase 10 cm por ano.

Isso faz com que grandes sismos se produzam quase todos os anos e torna a capacidade de enfrentá-los uma prioridade. Isso não parece ocorrer no Equador, em que, desde 1900 houve pelo menos sete terremotos de magnitude 7 ou maior a pelo menos 250 km da região do tremor de sábado.

Preparação
Outros países vivem em zonas marcadas por numerosas falhas, dispersas ao longo de milhares de quilômetros.

Entre o Mediterrâneo e a Indonésia, por exemplo, há uma extensa rede de falhas criadas pela pressão das placas tectônicas africana, indiana e árabe sobre a placa euro-asiática. Cidades como Istambul e Teerã, por exemplo estão em algumas das zonas mais perigosas do planeta.

Como essas falhas continentais estão menos contidas elas se rompem com menos frequência e algumas só são ativadas depois de milhares de anos, superando a memória humana e os registros históricos”, explica James Jackson, geólogo da Universidade de Cambridge.
Desde 1900, terremotos em falhas continentais mataram o dobro de pessoas do que sismos registrados em regiões onde oceanos e continentes se conectam.

A ciência hoje está mais preparada para detectar tremores, mais especialistas como Jackson afirmam que a comunidade internacional precisa investir mais para melhorar a capacidade de proteção da população em áreas de risco.

“Gastamos cinco vezes mais dinheiro em socorro às vítimas do que na preparação para terremotos”, diz Kate Peters, da ONG britânica Instituto para o Desenvolvimento Internacional.

Fonte: Último Segundo/Mundo/BBC BRASIL


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