Você seria aprovado na entrevista para entrar em Oxford? Teste suas habilidades
A fim de desmistificar o processo de admissão, a Universidade de Oxford publicou os tipos de perguntas que podem ser feitas para os estudantes
A temporada de inscrições para universidades já começou no Reino Unido – e o prazo para algumas das mais conceituadas, como Oxford e Cambridge, se encerra nesta semana. É um processo repleto de ansiedade, com adolescentes visitando aquelas de sua preferência, preocupados com as cartas de apresentação que enviarão junto com os formulários.
Para alguns dos cursos mais concorridos, também serão realizadas entrevistas. A fim de desmistificar o processo de admissão, Oxford publicou os tipos de perguntas que podem ser feitas para os estudantes.
“As entrevistas serão uma experiência totalmente nova para a maioria deles, e sabemos que muitos dos interessados já estão preocupados com o fato de estarem em um local estranho a eles e serem sabatinados por pessoas que não conhecem”, diz a diretora de admissões Samina Khan.
Para tornar a entrevista menos intimidadora, a universidade produziu um vídeo em que explica como ela funciona. E publicou alguns exemplos de perguntas – e sugestões de como respondê-las.
O que caracteriza um romance ou peça como uma obra “política”?
Essa questão foi aplicada para o curso de Francês. A entrevistadora Helen Swift, do St, Hilda’s College, disse: “É o tipo de questão que pode surgir a partir da carta de apresentação do estudante, quando, ao falar de seu envolvimento com a literatura e cultura da língua que deseja estudar, ele, ou ela, diz ter um forte interesse em obras (como um romance, uma peça ou um filme) de cunho político.
“Podemos iniciar discutindo os trabalhos específicos citados pelo estudante, para que comece por algo que lhe é familiar, e depois perguntar ‘de que forma uma obra é política?’, ‘por quê?’, ‘por que alguém pode não gostar desta obra pelo mesmo motivo?’.
“Buscamos testar o quão intelectualmente curioso é o estudante e sua capacidade de ter uma visão crítica ao ampliar o escopo do que é questionado e discutir mais os conceitos e convidá-lo a fazer comparações entre coisas que ele já leu/assistiu (em qualquer língua).
“Ao fazer essa pergunta, queremos que o candidato pense o que significa aplicar um rótulo a alguma coisa. O que isso suscita? É um julgamento sobre o conteúdo ou estilo? Pode ser um juízo de valor? Quão útil é o termo como rótulo?
“E se dissermos que toda arte é política? E nos casos que o autor nega que seu trabalho é político, mas críticos afirmam que é – trata-se de uma questão puramente subjetiva?
“Um bom candidato demonstraria disposição e habilidade para debater e desenvolver ideias em uma conversa. Não haveria problema em mudar de opinião ao longo da discussão ou elaborar um argumento que contradiz algo que tenha sido dito antes – queremos que as pessoas pensem de forma flexível e estejam dispostas a considerar outras perspectivas…
“Sem dúvidas, o candidato precisaria parar e pensar um pouco no meio disso tudo – esperamos que expresões como ‘hmmm…’, ‘ah’, ‘oh’, ‘bem’ façam parte da resposta!”
Uma em cada quatro mortes no Reino Unido é causada por algum tipo de câncer, ainda assim, nas Filipinas, o índice é de uma em dez. Que fatores podem levar a essa diferença?
Essa foi uma questão feita para o curso de Medicina. O entrevistador Chris Norbury, do Queen’s College, disse: “É tipicamente uma questão aberta, sem uma resposta ‘correta’, e que busca estimular uma discussão que pode haver no curso.
“A discussão pode tomar uma série de direções, de acordo com os interesses dos candidatos. Alguns podem fazer perguntas para esclarecer a questão, como ‘de onde vêm os dados?’, ‘são confiáveis?’ ou ‘qual é a expectativa de vida nestas partes do mundo?’.
“Alguns candidatos vão ponderar sobre os diversos aspectos do estilo de vida britânico que não são saudáveis, o que pode ser uma discussão interessante por si só. Outro, especialmente aquele que atentar para o fato de que a expectativa de vida nas Filipinas é substancialmente inferior à do Reino Unido, vai chegar à conclusão que outras causas de morte são mais comuns no mundo em desenvolvimento, e esse é o principal fator que leva à diferença apontada na pergunta.
“Isso avalia critérios como a capacidade de resolver problemas, pensamento crítico, curiosidade intelectual, habilidades para se comunicar, capacidade de ouvir e compatibilidade com o método de ensino.”
O que você acha que está incluído no ato de culpar alguém?
Essa foi uma questão de Filosofia, Política e Economia, e o entrevistador Ian Phillips, do St Anne’s College, disse: “Perguntas como essa exigem do candidato a habilidade de pensar com cuidado e precisão sobre um conceito familiar, avaliando propostas e elaborando exemplos contrários, esclarecendo considerações e sendo criativo ao propor abordagens alternativas.
“Obviamente, a noção de culpa é importante na teoria moral, mas, como a culpa é uma atitude emocional, também leva a questões de filosofia da mente. Debates sobre a natureza da culpa estão em curso hoje na Filosofia, então, a questão é um ponto de partida para fazer filosofia em conjunto – que é o que esperamos atingir com o curso.
“Com uma pergunta assim, não buscamos uma resposta correta, mas saber se o candidato pode ser criativo ao elaborar exemplos e sugestões e pode pensar de forma crítica e cuidadosa sobre suas implicações…
“Boas entrevistas geram com frequência todo tipo de discussões interessantes e reveladoras que mostram a capacidade do candidato de ter um pensamento crítico: por exemplo, sobre auto-culpa, casos em que a pessoa que atribui a culpa sabia que o culpado não tinha feito nada de errado e casos em que se culpa um objeto inanimado (como uma impressora ou telefone com defeito).”
Imagine uma escada encostada em uma parede e apoiada no chão. Os degraus foram pintados com uma cor diferente das laterais, para que seja possível vê-los quando olhamos a escada de lado. Que forma será criada pelos degraus se a escada cai no chão?
Essa pergunta foi feita para Matemática, e a entrevistadora Rebecca Cotton-Barratt, do Christ Church, disse: “A questão testa se a pessoa é capaz de fazer o que matemáticos fazem, que é abstrair informações que não são importantes e usar a matemática para representar o que está ocorrendo.
“Inicialmente, perguntaria ao candidato a forma que ele pensa que será criada e, depois, como é possível testar sua hipótese. Ele poderia tentar desenhar uma escada em diferentes estágios da queda – não haveria problema, mas, no fim das contas, o que queremos é alguém capaz de generalizar e que seja preciso (você não terá certeza que seu desenho é exato, especialmente quando você o faz em um quadro branco sem uma régua).
“Então, seria preciso recorrer à matemática e tentar modelar a situação usando equações. Se ficar empacada, perguntaríamos à pessoa que forma é criada pela escada encostada na parede e no chão e, então, ela perceberia que, a cada estágio, é formado um triângulo retângulo.
“Alguns podem recorrer ao teorema de Pitágoras e usá-lo para encontrar a resposta (a formação de um quarto de círculo centrado no ponto em que o chão e a parede se encontram).”
Um amplo estudo aparentemente mostra que irmãos mais velhos têm resultados melhores do que seus irmãos mais novos em testes de QI. O que explica isso?
Essa foi uma questão de Psicologia Experimental. A entrevistadora Kate Watkins, do St Anne’s College, disse: “Essa é uma pergunta que exige que os estudantes pensem sobre diferentes aspectos de psicologia, e orientamos durante a discussão que pensem tanto sobre fatores científicos, como a idade materna (mães são mais velhas quando os filhos mais novos nascem – isso pode ter um impacto?) e análises observacionais sobre como a ordem de nascimento pode vir a afetar o comportamento e, portanto, a performance de uma pessoa nos testes de QI.
“É uma ótima pergunta, porque os estudantes começam pelo ponto com o qual estão mais confortáveis, e vamos gradualmente acrescentando mais informações para ver como eles reagem: por exemplo, notar que o padrão se mantém mesmo levando em conta fatores como a idade materna.
“Isso pode os levar a pensar sobre a dinâmica de ser um irmão mais velho e nesse caso, o que pode produzir esse efeito – eles podem sugerir que, por não ter de dividir a atenção dos pais nos anos anteriores ao nascimento do irmão, isso faz diferença, por exemplo.
“Então, vamos além e destacamos que o efeito não é observado em filhos únicos – há algo no fato de ser o irmão mais velho que leva a isso. A maioria dos estudantes chega à conclusão que ser um irmão mais velho e ter de ensinar o irmão mais novo certas habilidades e conhecimentos é benéfico para suas próprias habilidades cognitivas (aprender as coisas duas vezes, em consequência disso).
“Mas não há uma resposta ‘correta’, e estamos sempre interessados em ouvir explicações não ouvimos antes.”
Fonte: Último Segundo/Educação/BBC BRASIL
Não encontrou o que queria? Pesquise abaixo no Google.
Para votar clique em quantas estrelas deseja para o artigo
Enviar postagem por email