Cessar-fogo em Gaza dura menos de 24 horas

Tropas israelenses e militantes do Hamas voltaram a se enfrentar no norte de Gaza neste domingo (18). Trata-se do primeiro incidente armado desde que entrou em vigor à 2h (22h de sábado de Brasília) o cessar-fogo que Israel declarou de forma unilateral na Faixa de Gaza, após 22 dias de ofensiva.

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Segundo o Exército israelense, o incidente começou após militantes do Hamas terem aberto fogo contra o Exército de Israel perto do campo de refugiados de Jabalya. Helicópteros e tanques de Israel responderam bombardeando a região.

Os relatos ainda são imprecisos, mas pelo menos um civil palestino teria morrido após o reinício dos ataques. Fontes médicas israelenses dizem que cerca de uma centena de cadáveres teriam sido encontrados após o novo ataque de Israel.

Militantes palestinos também voltaram a disparar na manhã deste domingo (horário local) foguetes contra o sul de Israel, segundo testemunhas. Um deles caiu nos arredores da cidade de Sderot.

O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, advertiu ao declarar o cessar-fogo no sábado que o Exército suspenderia as operações, ofensivas mas que responderia aos ataques das milícias ou ao lançamento de foguetes contra seu território.

Mas, neste domingo, na reunião semanal de governo, ele disse que a calma é “frágil” e deve ser reavaliada constantemente. Ele confirmou, por intermédio de seu assessor, que Israel não vai estabelecer um prazo para a retirada das tropas até que os militantes do Hamas parem os ataques.

“Se houver o risco de que o Hamas deliberadamente torpedeie o cessar-fogo, e nós tivermos que reiniciar as ações ofensivas contra o Hamas, então temos de ser reticentes sobre tirar nossas tropas”, disse o porta-voz Mark Regev. “Se o cessar-fogo durar, então poderemos pensar em sair.”

Tropas seguem em Gaza

Apesar da trégua, as autoridades israelenses haviam afirmado que manteriam as tropas em Gaza e o bloqueio do território.

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, saudou o cessar-fogo declarado por Israel, em acordo com o governo norte-americano, e expressou sua esperança de que “todas as partes” cessem imediatamente seus ataques e ações hostis.

Segundo Olmert, Israel alcançou todos seus objetivos de sua ofensiva em Gaza, mas o exército israelense permanecerá no momento posicionado em Gaza e arredores. “Nossos objetivos, da maneira que definimos quando lançamos a operação, foram totalmente atingidos e muito além. O Hamas recebeu um duro golpe”, disse.

A permanência das tropas israelenses em Gaza preocupa o presidente palestino Mahmud Abbas. De acordo com um porta-voz de Abbas, a decisão de Israel de decretar unilateralmente um cessar-fogo na Faixa de Gaza deve ser acompanhada com um acordo de paz formal e uma retirada completa de suas tropas.

Hamas

O movimento Hamas rejeitou a trégua unilateral de Israel. “O inimigo sionista deve cessar todas suas agressões, retirar-se completamente da Faixa de Gaza, suspender o bloqueio e abrir as fronteiras. Não aceitaremos a presença de um único soldado em Gaza”, declarou o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhum.

Cúpula

Ehud Olmert agradeceu a ajuda do presidente do Egito, Hosni Mubarak, ao organizar uma reunião de cúpula, neste domingo (18), que deve analisar a situação no território.

O Egito vai reunir dirigentes internacionais para discutir o conflito. Em discurso transmitido pela televisão pública, o presidente egípcio Hosni Mubarak pediu a Israel que ponha fim “imediatamente” e “sem condições” a seu ataque e que retire todas as suas forças do território palestino.

O presidente francês Nicolas Sarkozy vai co-presidir a cúpula junto com o presidente egípcio. “Sarkozy se reuniu, neste sábado, com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, que o convidou a co-presidir, no âmbito da iniciativa franco-egípcia, a cúpula internacional que acontecerá no domingo, 18 de janeiro, em Sharm el-Sheikh, e à qual assistirão, entre outros, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown”, de acordo com nota oficial da França.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também deverá estar presente, a convite de Mubarak. Em sua visita ao Líbano, Ban afirmou seu interesse em participar na cúpula internacional prevista para este domingo.

A Alemanha já confirmou a realização da cúpula e a presença da chanceler Angela Merkel, assim como o presidente do governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, e o rei da Jordânia, Abdullah II.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, disse no Cairo que o cessar-fogo declarado unilateralmente por Israel é insuficiente.

Em declarações feitas após uma reunião com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, e reproduzidas pela agência “Mena”, Abbas exigiu “a retirada total da Faixa de Gaza, a suspensão do bloqueio (imposto em junho de 2007) e a abertura das passagens fronteiriças à ajuda para o povo palestino”.

Apesar das críticas, Abbas classificou a trégua anunciada pelo primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, como um “feito importante e necessário”. Abbas também disse que a recente conversa com Mubarak focou o alcance de uma trégua durável.

A reunião de Mubarak com o presidente da ANP terminou a poucas horas da cúpula mundial.


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