O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que os países afetados pela crise devem nacionalizar seus bancos e que os governantes estão obrigados a recuperar o “papel do Estado” na economia.

Durante um seminário sobre desenvolvimento em Brasília, Lula expressou sua convicção de que “a saída para a crise será encontrada se os governantes do mundo assumirem seu papel e adotarem as medidas e decisões corretas e necessárias”.

Em discurso a empresários e políticos, Lula perguntou: “Será que os países ricos vão seguir só colocando dinheiro para salvar os bancos ou será que algum terá a coragem de, sem medo dessa palavra, estatizar os bancos, a fim de saneá-los e recuperar o crédito?”.

Segundo o presidente, não só é necessário decidir como regular os mercados financeiros, mas também “restabelecer” o crédito no planeta, “pois, sem isso, os países não funcionam, as empresas não investem e a roda da economia não gira”.

“Ninguém sabe também quantos trilhões de dólares atravessavam os oceanos sem passaporte nem nada e, com a crise, desapareceram”, disse, ironizando que “os grandes bancos, que pareciam ser uma grande pizza, hoje são uma mini-pizza”.

Segundo Lula, o Estado tem que retomar as rédeas da economia, embora “com boas políticas, que devem ser postas em prática no mundo inteiro”.

Nesse sentido, ressaltou que “qualquer política econômica só será séria se obedecer à produção, à criação de postos de trabalho e à distribuição de renda”, pois “não se pode aceitar” que os trabalhadores paguem o preço pela crise financeira.

Lula também reiterou suas advertências contra a ameaça de que o protecionismo cresça no mundo em consequência do colapso do sistema financeiro e dos problemas que ele causa no comércio.

“Não se pode passar do vale-tudo financeiro que deixou o mundo na situação atual, a um vale-tudo protecionista, que certamente causará uma crise ainda pior do que a que resultou da Segunda Guerra Mundial”, concluiu.